segunda-feira, 20 de maio de 2024

Sou toda uma metrópole litorânea / Caroline Diniz

 


Carne de Dentro

desnuda-me,

ó meu

lado avesso.

carne de dentro

rui ao maior lamento:

daí afago, daí alento

pro buraco deste peito.

Flanco trêmulo

denuncia

dor latente,

que espicha

impertinente.

Urgentemente,

virai-me do lado avesso!

 

(Poemas do livro "Madalena")

 

Maresia e Andor

Sou toda uma metrópole litorânea.

Uma areia indesejada nos chãos de restaurante.

Ah, como eu gosto da sinfonia dos talheres nervosos.

Sinto muito e em tudo sinto.

Eu percebi a esses dias que sou sensível demais.

Se você fosse pintar um quadro, eu poderia ver:

O andor louco na areia corroído pela maresia selvagem.

 

(ARCÁDIA. Revista de Literatura e Crítica Literária, N°6 / 2020)

 

Sobre a autora:

Caroline Diniz (@mulheremtranse) é uma escritora e oficineira. Aos 10 anos de idade, escreveu os primeiros versos e, desde então, não parou mais. Publicou poemas na Revista Kametsa (Peru), no e-book "As Cidades e as Memórias (Aliás Editora) e outras publicações. Em 2022, publicou seus poemas em uma série de zines intitulada “Zine Manga”. Atualmente, ministra oficinas de escrita poética, experimenta criações entre o audiovisual e a literatura com produções de videopoemas, performances e curtas-metragens. Em síntese, acredita no poder feminino e é apaixonada por conhecer e contar histórias.

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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

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