A chegada do Natal sempre me enchia de animação / Itiel San
A CHEGADA DO
NATAL
A chegada do Natal sempre me enchia de
animação. Mal podia esperar, estava ansioso pelos muitos presentes que eu
merecia. Sempre fui o aluno nota dez da escola de Cachoeira na Bahia, e no meu
último natal ganhei muitos carrinhos de brinquedo. Neste Natal, pedi um avião
ao Papai Noel, e esperava ansiosamente pelo presente.
Na noite de Natal, a árvore enfeitada
com luzes cintilantes, laços vermelhos e dourados, além de enfeites artesanais.
A mesa de Natal, repleta de iguarias, provocava roncos em meu estômago. O
cheiro irresistível do peru competia com as notas doces e picantes dos pratos,
como o feijão-tropeiro, a farofa crocante e o arroz à grega. Os biscoitos
aguçavam ainda mais os sentidos.
Enquanto todos os adultos socializavam,
eu estava sozinho, observando a festa. Era estranho, sendo a única criança ali,
com meus primos distantes e meus amigos em suas próprias casas. Foi então que,
inesperadamente, meu avô se aproximou. Um homem sábio, barbudo e rechonchudo
percebeu minha solidão no canto e, com um sorriso gentil, começou a
compartilhar suas próprias experiências natalinas ao longo dos anos.
Meu avô contou uma história de Natal
mais simples, sem os luxos dos presentes materiais. Ele veio de uma família
pobre, onde a alegria era rara, especialmente durante as festas. Em suas
memórias, o Natal não era marcado por árvores decoradas ou presentes
reluzentes, mas sim pela luta diária por uma refeição na mesa. O mesmo aprendeu
a apreciar a beleza das coisas simples, valorizando os momentos compartilhados
em família.
"Não precisava de brinquedos",
ele disse com um sorriso nostálgico. "Meu pai fazia presentes artesanais.
Esculpia animais de madeira ou criava brinquedos de pano. Simples, mas feitos
com amor."
No dia seguinte, ao abrir meu presente e
vendo todos os outros ali, eu me lembrei da infância simples do meu avô, surgiu
a ideia de fazermos juntos brinquedos artesanais e prepararmos refeições para
as famílias necessitadas. Inspirados na simplicidade e compaixão, iniciamos um
movimento nos bairros, ensinando os adultos fazerem comida de natal, e as
crianças a doarem presentes velhos. Ao final, vendo todas aquelas pessoas que
passavam fome se alimentando e as crianças brincando com os brinquedos mesmo
que velhos e quebrados, percebi que o mundo que eu desejo é aquele onde todos
possam experimentar a beleza de um Natal simples, baseado na compaixão e
alegria compartilhada.
Sobre o autor:
Itiel
de Santana Nunes (Itiel San) Nasceu na cidade de
Candeias/Bahia em 2001. Desde criança tinha uma mente muito criativa e criava
muitas historias e brincadeiras com os amigos. Em 2019 foi Vencedor do Concurso
literário SNBL na categoria Crônica feito pela biblioteca da escola Sesi Djalma
Pessoa. Em 2023 ganhou seu primeiro edital para Co-autor do livro da Coletânea
microcontos 2023 da Editora Persona.
Instagram: @Itiel_San
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