TRÊS
SONETOS
(I)
Penso bastante em todos os segundos
Em que senti contigo os bons ardores;
É como se avistasse um prado em flores
Num bosque dos mais belos e fecundos.
Tento sentir nos lábios teus sabores...
Reavivar prazeres moribundos...
Me vagam na lembrança, vagabundos,
Pequenos flashes dos nossos amores...
Voltar ao meu passado... Já pensei-o.
Sentir na mornidão destes meus lábios
A maciez fervente do teu seio...
Mas vivo num presente tão sem glória:
Tecendo versos bobos, pouco sábios,
E tendo um só prazer – tua memória!
(II)
Já não sei mais viver sem teu suspiro;
Já não enxergo mais sem teu olhar;
Sem teu abraço – angelical retiro –
O que sobrou no mundo pra abraçar?
Vivo eu aprisionado a relembrar
O falecido amor, do qual deliro,
Formando com meu choro quase um mar
Como a mulher de Heitor refém no Epiro!
Sinto, meu bem, tenções wertherianas
De pôr um fim no meu abatimento,
Deixando muitas cartas doidivanas...
Mas até nisso falta-me a coragem!
Sou incapaz de heroico movimento
Não vendo nem sentindo a tua imagem...
(III)
Tendo eu forte pendor para a tristeza
E tu uma alegre calma que agracia,
Eu rezo, pois, a Deus e à Natureza
Que, como a lua à noite e o sol ao dia,
Tu chegues ao meu céu de aura sombria
E dê-lhe, com teu beijo, uma clareza.
E nada mais a Deus eu pediria
Senão de ser amado ter certeza...
Mas como tu é tão leve quão veludo
Tu ris desta paixão – e ris de tudo
Que eu falo, como se tivesse graça!
O jeito é te seguir nesta risada
Dizendo: o que é o amor? O amor é nada!
E rir como um palhaço na desgraça...
Sobre o autor:
Paulo
Lucas Santos Fares é um estudante de Letras pela
Universidade Federal de Pernambuco, nascido em 25 de fevereiro de 1999 na
cidade do Recife. Atualmente participa de antologias e concursos de poesia,
além de divulgar seus textos em plataformas como Medium e Trema.
Instagram:
@paulolucasfares
Parabéns Paulo! A tristeza que transpassa, também alimenta uma esperança e se faz seiva nova em poesia.
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