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Nesse encontro cogitado, vigoroso, lambuzado | Julia Mascaro Alvim

 


A BONECA E O JORNALEIRO

 

Silêncio... “No ar!” Um ser, que suspeita. A despeito do sangue. Guardado, o enredo. Súbito, subterrâneo. Pedras emparedadas, galerias descidas; em sua lembrança de dar gravidade aos recônditos pontos de vista. Sufrágios cardeais. Atracado a sua vítima, em vestes sangradas, mais roto vestido, arrastado, estratificado... Temida atitude, coral de fiéis que corre e decorre o submundo metrô. Monumento passageiro. E vai distante o passante, rebolando e assistido num andar bem passeado com seu par de tênis que acende e apaga. O metrô desconcertante. Praia humana de refluxos dos tênis que acendem, apagam...

 

Suas antenas que conversam. Escuro túnel, travesti. “Por que suas mãos são sanguíneas?” É gentil, de fé no entanto dos entãos que convidam ao olhar. Mãos felinas e assistidas convidadas a jantar.

 

Subindo uma escada estacada e muito estreita amoldando à espreita rela as linhas da linda mão. Nesse encontro cogitado, vigoroso, lambuzado junto ao gozo. Pista feita de beldade, destinada e trilhada. Riso escrito na passagem, caverna antenada. Os embaixos dos despachos já cruzados e juntados. Todas as linhas acendidas e apagadas. O túnel fruto dessa trama, a transa imã desse fluxo. Numa nave de dormir, sua banca de jornadas. Revistada em toda a parte, conectada a seu chip de gravar. A crônica do sonho recortado que o suspeito namorado, atracado com a boneca em seu ato, fica escrito no diacho por namorar o suspeitoso.

 

O recanto de dormir, sua banca decorada. Seresta na noitada, ponte-pênsil de amar. Armada bem em cima de uma vala, ponteada em seu lugar. Uma escada subterrânea. Rumo pardo e suspeito no olhar. Ser um ser subjugado pelo falso sangue de amar.

 

A boneca, vida rubra, relembrada, mais cheia do acariciar. Bel velocidade, vitimada em justo véu, vermelho e tal. Vestido de ouro e rosa, interpretando uma lânguida voz espacial. Vassoura pendurada, dum jornaleiro aliançado. Gira a saia a bruxa louca, daqueles passos despachos; acendidos, apagados. Amanheceu folheando entregas, pura sorte como age, preconcebendo os azares corrompidos do metal. Nos jornais, folhetins do dia, sanguinários fatos qual o verbo “jorrar”. Dança de humanizar o daqui a pouco a corte a entregar. Política do caso, amor mais cinematográfico espreitado num encontro entre a boneca e o seu lindo jornaleiro…

 

Sobre a autora:

Julia Mascaro Alvim publicou romance, comédia, drama, novelas e poesias. Participou de várias antologias e revistas e já ganhou prêmio de poesia.

Instagram: @juliamascaroalvim


2 comentários:

  1. Julia Mascaro Alvim é a vertigem pura que nos falta

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  2. Amiga Julia talento puro em prosa versos que vêm de uma alma Pura, e mente brilhante.

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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

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