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Eu sendo pedra mole sendo aniquilada | Maitê Lamesa

 


GUELRAS

 

o martelo forja a bigorna

o som da pedra

sendo esculpida

sobre a pedra

sendo lapidada

 

eu sendo pedra mole sendo aniquilada

 

o som vem do ar

do ar carregado de som

 

na água, o som do grito é lento

o socorro não vem

 

dizem os evolucionistas: o ouvido

evoluído das guelras dos peixes ancestrais

 

mas fossem minhas guelras

antes garras

e não só artefato

para respirar

água

 

fossem elas garras

para agarrar

esses fósseis

ancestrais

 

DAY TRADERS

 

os zilhões de números

do mercado financeiro

 

setas para cima

setas para baixo

 

um gráfico sempre a mostrar

um pulsar no peito.

 

as mãe operam nas bolsas

day and night traders

 

poucas variáveis

muitas externalidades

sempre os derivativos

 

a bolsa não fecha para balanço

mas há sempre expressiva

alta no serviço do lar

 

e sempre

uma queda brusca na real(idade).

 

****

 

Mãe solo:

uma única consoante

para te servir de consolo

 

Sobre a autora:

Maitê Lamesa é mãe, natural de Jaú/SP, advogada formada em direito pela UEL (Universidade Estadual de Londrina) e mestranda em relações internacionais pelo Programa San Tiago Dantas (UNESP-UNICAMP-PUC-SP). Mora atualmente entre São Paulo e a zona rural de São Joaquim da Barra/SP. Escreve desde 2008, mas apenas em 2022 resolveu começar a publicá-los, para acalmar águas internas, para voltar a respirar.

Instagram: @microcentimavos


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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

Instagram: @poesianaalmabr