Não cansava de esperar | Luiza Cantanhede
EPIFANIA NO PAPEL
Tua maior virtude era escrever.
Amava sentir as palavras
Invadindo o âmago que poucos conheciam.
Além da paixão e do prazer, era eterna.
Sonhadora, exalava cultura.
Tua alma era pura, de natureza invejada.
Nunca se encontrou calada.
Aquele que se cala, perde sua essência.
Aceitando apenas o que lhe é oferecido.
Queria opinião própria, voz e respeito.
Intensa como aquarela.
Os que tentaram oprimir sua liberdade
Já não falavam mais por ela.
Era acima de tudo, amor.
E no final, encontrou o seu valor.
Como mulher negra e escritora.
Acarretava uma história mil vezes
reescrita.
Em busca de direção.
Não queria ser tudo, mas sair do nada era
um começo.
Demorou.
Não cansava de esperar.
Para alguns, parada no tempo.
Mas sabia que o processo era doloroso,
lento.
O mundo já não era mais o mesmo
E foi acreditando que continuou sua
jornada.
Vai passar. Isso tudo vai passar.
O papel sempre em branco, registra hoje
sua epifania.
O motivo pelo qual chegou até aqui.
Mulheres, sejam fortes. Sejam luz e amor.
Sobre a autora:
Luiza
Santos Morais Cantanhede, mais conhecida como Luiza
Cantanhede, nasceu no dia 17 de fevereiro de 2001 no Rio de Janeiro e escreve
desde muito nova, aperfeiçoando com o tempo o seu amor pela literatura.
Instagram: @luizaa_cantanhedee
(Texto selecionado para o projeto Leitura Feminista, iniciado em 2019, em parceria com o blog Barda Literária que este ano, no mês de março, apoiará poetisas)
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