Resenha - Úrsula, de Maria Firmina dos Reis
Publicado em 1859, Úrsula foi escrito por
Maria Firmina dos Reis, mulher negra, em pleno período escravocrata do Império.
Considerado o primeiro romance escrito por uma mulher no Brasil, apesar de não
trazer a figura do negro como protagonista, há que se afirmar que o papel de
seus personagens negros secundários configura importantes representações da
sociedade na época.
A trama é sobre Úrsula - que dá nome à
obra - e o rapaz Tancredo. Um amor que está prestes a ser destruído por
completo porque um parente da moça deseja casar-se com ela, contra a vontade
desta, após um grande infortúnio se abater sobre a protagonista.
A narrativa do romance segue um padrão
linear, e ao longo dela vão sendo inseridos personagens negros que tem uma
participação significativa e crucial para o seu desenlace. Apesar de apresentar
as características comuns ao gênero dos folhetins publicados na época, Úrsula
possui um tom de combate à questão escravista, embora incutidos de maneira
sutil, subjetiva no decorrer dos acontecimentos.
Na edição que tive a oportunidade de ler,
contamos ainda com um conto de caráter abolicionista intitulado O escravo, um
conto indianista - Gupeva - e uma seleção de poesias que abordam temas como a
escravidão, sexismo e o papel da mulher na sociedade oitocentista. É possível
notar também um caráter nacionalista na antologia.
Voltando à Úrsula, outro ponto
interessante notável que merece ser debatido seria a questão do homem que não
aceita uma recusa e se acha no direito de ter uma mulher como sua propriedade.
Esse fenômeno social não se limita apenas àquele período, mas se estende até a
atualidade, extrapolando os limites do ficcional.
Em suma, Maria Firmina, maranhense do
século XIX, deixou uma obra importante e tardiamente reconhecida, mas que
certamente tem seu valor nas Letras Brasileiras.
(Resenha produzida pela colunista Maria Valéria, criadora do blog Na Literatura Selvagem)
Olá, Val.
ResponderExcluirAdorei a resenha.
Esse é um livro que está na lista de livros que tenho que ler, principalmente pelo seu peso histórico. Acho extraordinário que mesmo com todo o contexto, ela tenha sido a primeira a escrever um romance no Brasil, um coisa que parece ser um avanço para a época, mas que de fato não é bem assim muita luta ainda viria pela frente e como você bem relatou que ainda estamos lidando hoje em dia.
Abraço,
https://decaranasletras.blgospot.com
Eu ouço falar muito da autora. Mas nunca me aventurei em suas obras. Eu acho que sentiria bastante o impacto, especialmente pela época em que foi escrito. Adorei saber mais sobre a obra.
ResponderExcluirBjks!
Mundinho da Hanna
uma obra completa, necessária e que por sua culpa ou no caso boa indicação eu vou cavucar. me lembra um pouco a premissa de kindred. uma pena ainda vivermos a experiencia de homens vendo mulheres como objetos e doloroso pensar que isso se mantém a tantas décadas...
ResponderExcluirOlá, nunca tinha ouvido falar do livro e achei tudo interessante. O tema sobre um romance impedido por conta das condições da época assim sua condição quanto a ser escravizada deve trazer assuntos importantes para reflertimos.
ResponderExcluirJá tem um tempo que venho me dedicando a ler livros com um peso histórico maior, para aprender sobre nossa história e valorizar nomes tão importantes. Anotei essa dica preciosa e já me vejo ansiosa para poder ler.
ResponderExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirAdorei a resenha e fiquei muito feliz com a oportunidade de conhecer a obra. Confesso que, infelizmente, ainda não tinha ouvido falar. Porém, pela sua resenha deu para ver que é uma obra muito rica e com grande valor histórico, trazendo reflexões sociais importantes. Amei a indicação e vou colocar na lista.
Beijos
Oi, tudo bem? Não consigo me lembrar se cheguei a ler esse livro para o vestibular, mas agradeço o bom professor de literatura que tive que me fez gostar dos mais diversos autores. Memórias de um sargente de milícias e A moreninha são meus favoritos. Interessanta a proposta desse, curiosa para relembrar a escrita dessa época. Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluirOlá, tudo bem? A grande importância, e merecida, para Úrsula. Quando li ainda adolescente na época da faculdade, me questionei muito porque não deram o valor devido a obra sobre representatividade negra. Mas, agora vejo, que finalmente isso tem se concretizado. Que mais pessoas possam conhecer essa obra formidável. Excelente resenha!
ResponderExcluirBeijos
Olá, Maria Valéria!!! Parabéns pela resenha! Foi suscinta e entrega muito da obra! Temas assim me chamam muito a atenção. E, que bom que é uma obra que foge à regra da época, isso me faz ficar ainda mais curiosa.
ResponderExcluirUm abraço!
A Val sempre consegue bater em assuntos que me despertem o interesse. Esse livro, eu não sabia da história e importância dele. Tanto para literatura, quanto para mulher, e passando por esse assunto escravagistas... Fiquei muito surpresa.
ResponderExcluirUm beijo