Mulheres repentistas do Pajeú, no Pernambuco, fazem espetáculo no Centro Cultural do Grajaú
Com mediação da
multiartista Luna Vitrolira, o evento ocorre nos próximos dias 03 e 04 de
dezembro. Entre os dias 03 e 04 de dezembro, a partir das 17h, São Paulo recebe
o espetáculo “Mulheres de Repente”, no Centro Cultural do Grajaú, em São Paulo
(SP), com participação e mediação da multiartista pernambucana Luna Vitrolira.
As improvisadoras, ou
glosadoras, como são chamadas as artistas dessa modalidade que estarão no
evento, trarão uma parte do Sertão do Pajeú para a capital paulista,
valorizando as artistas contemporâneas.
Na sexta-feira (3) às 17h
ocorre a palestra “A letra, a voz e o corpo: poética do rap e do repente'', seguida
pela mesa de debate “Trânsito na poesia: lugar de mulher é onde ela quiser” e
de um sarau com microfone aberto. Toda atividade tem duração de aproximadamente
2h30.
Já no sábado (4), também
às 17h o espaço recebe a Mesa de Glosas: Mulheres de Repente, que contará com a
participação de Elenilda Amaral (Afogados da Ingazeira), Erivoneide Amaral
(Afogados da Ingazeira), Dayanne Rocha (Brejinho de Tabira), Francisca Araújo
(Iguaracy). Todas sob coordenação de Luna Vitrolira e produção executiva de
Taciana Enes.
Vale dizer que a Mesa de
Glosas é uma modalidade de improviso, de repente, criada no Sertão do Pajeú e a
ideia é ter a mesa antes justamente para que o público possa conhecer mais
sobre o tema. "Os poemas são
improvisados em décimas, a partir de motes elaborados por mim, enquanto
mediadora, e revelados apenas na hora da glosa para as poetas. Essa estrutura
de dois versos determina os assuntos, a forma métrica e as rimas a serem usadas
no improviso, além de obrigatoriamente encerrar as estrofes”, explica Luna
Vitrolira.
A ideia é promover, no extremo
sul da capital paulista, uma vivência literária com diferentes poetas
pernambucanas, valorizando a cadeia criativa local do Sertão do Pajeú,
incentivando o intercâmbio de artistas da região para o Estado de São Paulo.
“Os debates atuais acerca
das questões de gênero na literatura brasileira questionam o número de autoras,
considerando menor do que de autores que atuam no cenário contemporâneo. Quando
pensamos no universo da literatura popular e mais especificamente o repente,
durante muito tempo, foi reproduzido o discurso de que não existiam mulheres
improvisadoras, cantadoras, glosadoras; na verdade, as poucas eram consideradas
exceções, visto que essas eram atividades julgadas como masculinas, por serem
realizadas majoritariamente por homens”, destaca Luna Vitrolira ao falar da
idealização do projeto.
Ainda de acordo com ela o
caminho em busca de maior espaço no campo literário pelas mulheres é parte do
esforço da luta feminista por voz e pelo direito de ocupação de territórios
também artísticos, visto que “Lugar de mulher é onde ela quiser” (macrotema que
norteará os motes da Mesa de Glosas).
“Esse é o caso das mulheres
improvisadoras do Sertão do Pajeú que veem cada vez mais se destacando nas
mesas. Mulheres de Repente é um projeto que pretende, portanto, ir de encontro,
na prática, aos discursos que tiraram das mulheres, durante muito tempo no
sertão, o direito de exercerem sua sensibilidade e criatividade poética no
improviso. Nesta edição participarão quatro poetas glosadoras da nova geração
que se destacam nessa modalidade, como uma forma de apoiar e incentivar o
surgimento de novas vozes femininas no improviso, poetas que darão continuidade
a essa tradição”, destacou.
Dada a importância desse
gênero da literatura oral para a identidade poética pernambucana e para a cena
artística nacional, o projeto se apresenta como uma prática de resistência,
manutenção e valorização da memória cultural e poética do sertão do Pajeú,
também como uma forma de contribuir para difusão dessa tradição, visando
expandir, divulgar e promover a poesia de improviso fora do Estado de
Pernmabuco para que seja conhecida e valorizada no país.
Sobre
Luna Vitrolira
Luna Vitrolira, Pernambucana,
29 anos, autora do Livro "Aquenda- o amor às vezes é isso", lançado
em 2018 pelo Selo Livre (Marcelino Freire), prefaciado por Heloísa Buarque de
Holanda, finalista do prêmio Jabuti 2019 que se transformou em projeto
transmídia, com o qual estreou na literatura, na música e no cinema, recebendo
destaque na crítica nacional. Luna é escritora, poeta, cantora, performer,
apresentadora, educadora, palestrante, professora de Literatura Brasileira e de
escrita criativa, pesquisadora, licenciada em Letras/língua vernácula e Mestra
em Teoria da Literatura, pela UFPE. Desenvolve pesquisa acadêmica com ênfase em
poética das vozes e poesia de improviso. É também idealizadora dos projetos
itinerantes “Estados em Poesia”, a partir do qual promove o intercâmbio entre
as diversas cenas da poesia falada do Brasil; também dos projetos “De repente
uma Glosa” e “Mulheres de Repente”, através dos quais faz circular a Mesa de
Glosas, modalidade de poesia de improviso do sertão do Pajeú/PE, sendo o
segundo voltado especificamente para o protagonismo feminino no improviso.
Enquanto ativista atua em projetos de formação direcionados às juventudes das
periferias e em situação de cárcere. Luna iniciou sua trajetória aos 15 anos,
participando de festivais de literatura e de projetos como o “agente da palavra”,
recitando nas comunidades periféricas, tanto da região metropolitana do Recife
como dos interiores, Zona da Mata, Agreste, Sertões. Integrou grupos como São
Saruê, #4urubueacarniça, De Vidro, mas foi o espetáculo "Não Os Queríamos
Sagrados" o divisor de águas que marca o começo de sua carreira solo. Hoje
integra também o coletivo de mulheres A Dita Curva. Ao longo se sua trajetória
já se participou de eventos como Balada Literária (SP); Festipoa Literária
(RS); Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP/RJ); FLIPELÔ (BA); Festa
Literária das Periferias (FLUP/RJ); Festival de Inverno Nova Friburgo (RJ);
Mostra Sesc de Culturas Cariri (CE); Turnê Sesc Arte da Palavra (RJ/ SC/ BA/
MS/ MT/ TO); Bienal do Livro de Pernambuco (PE); Festival A Letra e A Voz (PE);
SIM São Paulo (SP); Porto Musical (PE); Casa Natura Musical (SP); Festival
Literomusical de São José dos Campos (SP); Caixa Cultural (PE/BA); Festival No
Ar Coquetel Molotov (PE); Carnaval do Recife Marco Zero (PE); Festival de
Inverno de Garanhuns (FIG/PE), entre outros. Com Seu trabalho de récita
performática Luna Vitrolira já fez abertura para Luedji Luna e Ricon Sapiência,
além de participar de mesas de debates com Criolo MC, Sérgio Vaz, Ana Maria
Gonçalves, Conceição Evaristo, Kattiúscia Ribeiro, Bia Ferreira, Tereza
Cristina e também participado do espetáculo “Cara Palavra” com as atrizes
Mariana Ximenes, Andréia Horta, Debora Falabella e Bianca Comparato. Luna Vitrolira
é artista pernambucana de referência nacional e está representando, nesse momento,
o seu Estado na Exposição FALARES do Museu da Língua Portuguesa ao lado de Lia
de Itamaracá e Miró da Muribeca.
Sobre o projeto
Este projeto tem o patrocínio
do Governo do Estado de Pernambuco através do Edital Funcultura Geral
2019/2020.
Serviço
Mulheres de Repente
Quando: 03 e 04 de
dezembro às 17h
Onde: Centro Cultural
Grajaú
Endereço: Rua
Professor Oscar Barreto
Filho, n 252, São Paulo.
Ingresso: gratuito
Poxa, quería muito ter acompanhando. Pena que só vi agora 😱😭
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