POR FALAR EM SAUDADE... / POR LEONARDO NÓBREGA
(agosto/2021 – 2º ano da pandemia)
As pessoas que
passam pelas nossas vidas e nunca mais vemos. Onde estão? O que fazem? Em que
trabalham? Ainda lembram de nós? Com quem vivem? O que comem?
Hoje, ao
amanhecer, um sol ancestral e agressivo me atingiu junto com uma lufada de
memórias e questões, a princípio tolas, porém, para mim, valiosas como o calor
e o sopro de vida que me envolveram. Talvez eu tenha sonhado com pessoas do
passado, talvez o momento atual de luto permanente e desconhecimento do futuro
tenha suscitado a questão sempre presente, porém nem sempre percebida sobre
onde e como estão antigos companheiros de festas e de velórios, pessoas que
riram conosco, mas também choraram por nós e que as vicissitudes da vida
levaram para longe. Lonjura nem sempre geográfica, mais das vezes emocional ou
sentimental.
Quanto mais o
carretel da vida vai desenrolando seu longo fio mais dessas pessoas vão ficando
no quarto de despejo cobertos de poeira e teias de aranhas, quase esquecidos – ou
esquecidos. Lembrados apenas quando precisamos usar algo do depósito e nos
surpreendemos: puxa, você por aqui?
Temos amigos de
infância que eram para sempre e duraram até um dos dois mudar de bairro; temos
amigos de adolescência de quem nunca nos separaríamos, alguns até permanecem em
contato, mas a maioria o tempo apagou aos poucos - do translúcido ao vaporizado
- e só ficaram em retratos amarelados com sorrisos congelados em uma época que
parece remontar centenas de anos; tivemos namoradas/os (não ouso colocar
“temos”, minha esposa vai ler isso rsrssr) com quem casaríamos até o final do
ano e de quem, hoje, nem fotos temos. Essa lista é enorme, colegas dos diversos
trabalhos que tivemos, pessoas dos grupos sociais (Escotismo, grupo de jovens
de igreja...). Imagino quantas vezes posso ter cruzado com alguém nas ruas da
cidade sem reconhecer naquele senhor a criança com quem jogava bola na rua ou o
colega que dividia o horário do recreio na escola falando da paixão secreta por
aquela menina (será que ela se casou? Será que alguma vez nos vimos nos bares
da vida? Será que fez outro homem feliz, ou, talvez, outra mulher?) e armando os esquemas de cola nas provas,
embora nunca fossem usados.
Essas pessoas são
responsáveis por quem nós somos, independente se agora estão distantes, suas
passagens por nossas vidas ajudaram a compor nossa persona e todas
merecem estar nos nossos pensamentos carinhosos e respeitosos, mesmo aqueles
com quem tivemos algumas desavenças, afinal isso foi em um passado distante e
agora são desimportantes, viraram ensinamentos preciosos.
Infelizmente, vários
desses seres etéreos, distantes no tempo, se materializam pelas redes sociais
de amigos, dos amigos que são amigos deles e, de repente, nos chegam como almas
desencarnadas, nomes que sabemos conhecer e que as fotos do convite enterro
confirmam que realmente são rostos e sorrisos esmaecidos que foram tão próximos.
E nesse momento de caos, de pandemia e de (des)governo eu, particularmente
volto a pensar em todos os que se foram sem um último café ou cerveja, sem
ouvir aquela frase célebre: lembra quando... Seguida de fortes, generosas e
honestas risadas.
P.S.:
Será que algum dos meus antigos colegas lerá esse texto? Será que algum já leu
meus livros e reconheceu esse Leonardo Nóbrega como aquele outro? Acho que
nunca saberei.
Maravilhoso, Léo!!! Aliás, saudades!!!! Que quando tudo isso passar, possamos estar juntos novamente para relembrar esses bons tempos de cafés, sala de professores, de confrarias e de muitas risadas.
ResponderExcluirObrigada por visitar o blog.
ExcluirTivemos muitos momentos distantes embora estivéssemos no mesmo espaço geográfico, agora estamos longe geograficamente, eu suponho, mas perto virtualmente. Ah… e eu sou sua fã!!!💕💕💕💕
ResponderExcluirDepois desse texto, só aguardar o próximo livro, hehehehe
ResponderExcluirObrigada por visitar o blog.
ExcluirVocê traduziu o meu sentimento.Tantas pessoas que cruzaram minha vida e que de uma forma ou outra ficaram marcados no meu existir. Saudades. Obrigada.
ResponderExcluirObrigada por visitar o blog.
ExcluirVocê traduziu o meu sentimento.Tantas pessoas que cruzaram minha vida e que de uma forma ou outra ficaram marcados no meu existir. Saudades. Obrigada.
ResponderExcluirObrigada por visitar o blog.
ExcluirMuito showww!!!! Estaremos sempre aqui!!!!!
ResponderExcluirObrigada por visitar o blog.
ExcluirMaravilhoso receber um artigo dos dias tão incertos longe de tudo e todos. Meu amigo, vc sabe que sou fã de seus escritos. Que possamos nos encontrar, quem sabe, em cenas de um lançamento de mais um livro seu e brindarmos pq estamos VIVOS. Forte abraço !!
ResponderExcluirObrigada por visitar o blog.
ExcluirOlá,
ResponderExcluirMeio triste isso de ficar pensando em pessoas que passaram por nossas vidas, de vez em quando lembro de conhecidos antigos, colegas e outras. Cada uma dessas pessoas influenciou na minha vida por mais que por muitas vezes não faça ideia de onde elas estão hoje em dia.
Texto maravilhoso me fez pensar em todos amigos,e colegas de colegio que simplesmente sumiram do meu convívio,mas nunca do meu coração.
ResponderExcluirObrigada por visitar o blog.
ExcluirRealmente esse texto traduziu minhas dúvidas. Onde estarão as pessoas que passaram pela minha vida e prometeram nunca sair dela? Por onde andam, com quem andam, como andam? São perguntas que talvez nunca responderemos, né?
ResponderExcluirAmei a reflexão e, bem, é exatamente assim que me sinto quando penso nisso, rs.
Bjks!
Mundinho da Hanna
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Obrigada por visitar o blog.
ExcluirQue lindeza de texto, amei. Estava lendo agora e ao mesmo tempo um filme passando na minha cabeça, lembrando de colegas de infância, de igreja...Ai, como será que estão?!!
ResponderExcluirObrigada por visitar o blog.
ExcluirUau. São tantos questionamentos levantados já desde o início do texto. Achei tudo apresentado bem intrigante e interessante, pra falar a verdade. Além de me deixar bem refletiva e até nostálgica por pensar em quantas pessoas já passaram pela vida e quantas não fazem mais parte dela também. Como a vida é um ciclo de vais e vens.
ResponderExcluirOi, tudo bem? Falar sobre saudade sempre nos faz viajar no tempo. Seja nos fazer lembrar dos tempos do colégio, da nossa infância, de quando morávamos com nossos pais. Como diz no texto... Quanto mais vivemos mais teremos recordações. Por isso a importância de valorizarmos as pessoas que nos cercam, os aprendizados, e ter um propósito. Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluirObrigada por visitar o blog.
ExcluirDescobri este site essa semana e já estou adorando os conteúdos, são ótimos!
ResponderExcluirParabéns! 👏
Meu Blog: Sonhei Com
Parabéns Léo. Seu texto, expõe a sensibilidade de um ser humano honesto em suas relações. E, sem dúvidas, fala por nós.
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