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Resenha – Teresa Filósofa – um clássico da literatura erótica

 

O jardim das delícias terrenas (Hieronymus Bosch, 1504) 

Teresa Filósofa, do Marquês D'Argens (1704-1771), L&PM Editora (1997), é um clássico escrito no séc. XVIII e considerado, na época, um best-sellers na Europa. Publicado inicialmente por volte de 1748 na França, esse romance pornográfico conta a história de Teresa, da infância até a fase adulta, e seu possível defloramento. O ‘filósofa’, neste caso, refere-se ao momento histórico da França em que a expressão foi utilizada para destacar o que era considerado libertino.

 

Teresa é jovem, pobre e ao contrario de muitas jovens de sua idade, ela decide quando e com quem deseja perder a virgindade e isso pode ser uma angústia ou festa, bem como pode gerar fortes questionamentos filosóficos sobre o corpo, igreja, moralidade, prazer, pecado, etc.

 


Religião, corpo e masturbação são três pontos importantes que permeiam a vida de Teresa e outras jovens de sua época. Se o corpo gera prazer desde a infância, a igreja ensina a Teresa que isso é pecado. Mas, com o tempo, Teresa descobre que essa mesma igreja, formada por homens, não consegue controlar os próprios impulsos sexuais. E ocupando um lugar de poder frente à sociedade, cometem os maiores abusos sexuais em nome da fé.

 

Como uma boa curiosa sobre os mistérios do corpo, não tarda a Teresa entender que masturbação não é pecado e que a relação entre igreja Católica e Deus podem ser coisas tão distantes como diferentes. Neste sentido, o prazer está longe de ser pecado, é sagrado, uma liberdade divina.

 

Imbecis mortais! Acreditais ser mestres em extinguir as paixões que a natureza colocou em vós: elas são a obra de Deus.

 

Dessa forma, o corpo não é uma máquina do casamento para gerar filhos, mas uma fonte inesgotável de prazer. De modo que Teresa deseja ter sua primeira relação sexual antes do casamento e com um homem que não será o seu marido por convenções sociais da época. Com humor, a obra representa uma crítica as conversões da época, principalmente a hipocrisia da igreja católica corroborando com os ideais iluministas. 


16 comentários:

  1. Pela temática dá pra ter noção do frisson que essa obra deve ter causado na sociedade da época. A temática achei muito interessante e já é um livro que quero ler há tempos, mas é a primeira resenha que leio dele; gostei demais do seu texto 👏

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    1. Obrigada, Pedro, por visitar o blog. Espero que leia e depois me conta como foi sua experiência ^^

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  2. Nossa não consigo nem imaginar como essa obra deve ter sido recebida pela sociedade na época em que foi escrita. Que a igreja católica é hipócrita e cheia de mentiras isso é uma verdade. Infelizmente não é meu tipo de conto nunca fui dada a contos eróticos , mas achei interessante o tema e a época em que o livro foi lançado.

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  3. eu semrpe amo suas resenhas porque sempre são obras que pra mim são transgressoras, obras que falam sobre o que nossa sociedade que se tornou hipocrita por causa da moral religiosa cristã educou e forçou a ser assim, e esse livro me lembra um pouco uma hq que li sobre isso da masturbação e do sexo como poder, literalmente kkk.

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  4. Sabe, acho que não dá pra ficar sem imaginar o que foi a publicação dessa obra, na época em que foi criada. Gostaria de ter podido viver só pra ver! hahahaha
    Parece ser um livro muito cheio de quebras de paradigmas e dogmas. Deve ter causado. Ah, deve ainda causar... A gente sabe como as coisas acabam por ser polêmicas para alguns.
    Gostei da sua resenha, apesar de não ler histórias desse gênero.
    Abração

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  5. Oi, tudo bem? Conheço a L&PM a bastante tempo o que mais gosto são alguns títulos bem diferentes que eles publicam. Tenho algumas edições do Alan Poe e algumas outras de bolso, acho diferente esse formato. Quanto a esse que indicou não conhecia e me chamou atenção que "filósofa" significasse isso durante esse período histórico, não tinha ideia disso. Um abraço, Érika =^.^=

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  6. Nunca imaginaria O ‘filósofa’, como neste caso que está referindo-se ao momento histórico da França em que a expressão foi usada pra destacar o que era considerado libertino, ou nesse contexto. Acho importante e interessante abordar o assunto, porque o autoconhecimento é essencial para descobrir nossa identidade assim como a nossa sexualidade e vejo a libertação sexual feminina como um poder que a mulher tem sobre si mesma e sobre o próprio corpo, então isso deve assustar muitos homens héteros religiosos com certeza. Por isso, ainda existem tantos tabus em relação a masturbação feminina , por exemplo. Porque nem o poder sobre o próprio corpo a mulher podia ter.

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  7. Eu amo esse livro. Pena que não resenhei da primeira vez qje l, nem lembro o porquê.
    Em algum momento releio e falo dele tbm, acho necessário trazer essas obras pra pauta de discussão, em que se faz uma crítica inteligente, afiada e deleitosa sobre as instituições religiosas e sociais de uma época ..
    Tschüss

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  8. Oi Lilian!!

    Só pelo titulo dá pra ter noção do alvoroço que essa história deve ter causado na época em que foi publicada! Eu não conhecia esse livro mas agora tô muito curiosa pra ler e entender melhor. Muito bom trazer essa discussão à tona, é um assunto que precisa mesmo ser abordado. Adorei tua resenha!

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  9. Oi, tudo bem?
    Eu não conhecia esse livro ainda, mas achei a premissa super interessante. Mas confesso que o que mais me impressionou mesmo foi a época em que ele foi escrito. Imagino que deve ter sido muito polêmico, por trazer assuntos que eram (e pra muitos ainda são) um grande tabu. Adorei a resenha e vou procurar depois.
    Beijos!

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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

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