Resenha – Morreste-me
“Estava a manhã e deixei a nossa casa. Fechei as janelas e as portas, a escuridão; fechei as sombras.”
Quando a dor da finitude é bela, há o
dedo de um poeta. Em Morreste-me, livro
revelação do poeta português José Luiz
Peixoto, Editora Dublinense, há o
luto pela partida do pai que se eterniza em poesia sentida.
“Dentro
de mim, tu sabes, a dor constante a dor constante. Tu sabes. A capela à minha
frente aproximava-se no vagar lento dos meus passos de procissão. Os ciprestes
falavam lamentos acumulados. E caminhava como se o corpo desistisse de me
acompanhar. Sem corpo. Imaterial e com o peso do incómodo de mim, acima do
chão, cheguei à capela e contornei-a e comecei a ver-te, pai.”
É o fim do corpo, mas a imagem do pai se
mantem imaculada pelas lembranças sinestésicas, como o nome que se comprara a
uma nuvem e por isso não pode morrer ou o cabelo, os lábios, as sobrancelhas,
nada disso morre, fica em um registro próprio e performático de quem fica e é
retroalimentado conforme dia e noites e se deleita com o vento, o sol, a lua, a
chuva, a folha seca se derramando de uma árvore.
Não são, portanto, delírios inoportunos
ou fases de um luto que não se deixa partir, parafraseando Maya Angelou, é o próprio
entendimento de onde termina um pai e onde começa um filho. Pode ser também um
corpo colérico pela dor da finitude, mas, por outro lado, é a profundidade de
uma vida que não se acaba no pó “O mundo
solar. Reconhecê-lo-ei, porque não o esqueci. E também o tempo será de novo, e
também a vida. Sem ti e sempre contigo. A tua voz a dizer orienta-te, rapaz”.
Olá,
ResponderExcluirNossa parece ser bem profundo. Gosto dessa coisa de ele passar tantos sentimentos em forma de poesia. Ainda acho difícil ler um livro de poesia que trás tantas mensagens, mas gosto de conhecer livros novos.
Ahh que intenso. Eu não seria capaz de ler, porque mesmo tendo uns 6 anos que meu pai se foi, ainda dói como se fosse ontem. Eu achei lindo o que você postou e parece de uma sensibilidade enorme. Amo poesia e realmente, essa beleza sempre vem da dor. (Pipoca Nerd 🍿📚 Dê)
ResponderExcluirNossa parece ser bem profundo esse livro. Também fiz uns poemas em homenagem aos meus pais que já partiram e foi publicada numa Antologia. Acho que choraria horrores com esse livro. E que capa maravilhosa é essa?!!
ResponderExcluirNossa, que profundo. Não sei se eu conseguiria ler, primeiro por não curtir poesias, segundo por ter perdido meu pai e não saber como eu lidaria, sentindo as emoções novamente.
ResponderExcluirMas é de uma sensibilidade incrível a obra desse autor. Bjks!
Mundinho da Hanna
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confesso que lendo fiquei meio perdida kkk, mas deve ser o cansaço, eu adoro poesias e faz tempo que não leio uma. e fiquei curiosa com essa, parece reflexiva.
ResponderExcluirGente, que dica mais linda, sutil e tocante! Cativou minha sede por tal tipo de leitura e escrita lá no profundo ser de minh'alma! Uau!
ResponderExcluirAcho que estou precisando de propostas assim!
Essa profundidade poética é muito interessante. É preciso a maneira como se pode eternizar sentimentos. Muito interessante como carrega o próprio entendimento de onde termina um pai e onde começa um filho.
ResponderExcluirNao sou muito chegada em poesia, mas vou te contar que essa poesia, foi super leve e agradável de se ler
ResponderExcluirLivros poéticos são incríveis, ainda mais depois de pensar no entendimento do eu! Muito boa a perspectiva, vou aguardar chegar no Brasil! <3
ResponderExcluirA editora é brasileira Rsrsrsrsrs
ExcluirEu amo esse livro, eu amo esse hino de homem.
ResponderExcluirPeixoto foi uma das grandes descobertas pra mim nos últimos anos. Morreste-me deixou aquele oco no peito, sabe?
Quero ler tudo dele. A criança em ruínas tbm é maravilhoso.
Oi, tudo bem? Falar sobre a morte é delicado para a maioria das pessoas. Mesmo sabendo que é o curso natural da vida ainda nos surpreendemos quando alguém que conhecemos, que temos amor, parte, nos deixa. Li um tempo atrás que tudo na vida são etapas. As vezes aceitamos, outras ficamos com raiva, explodimos com aqueles que nos cercam e há quem passe seus dias sem tocar no assunto. O ser humano é uma caixinha de sentimentos. Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluirOi Lilian!!
ResponderExcluirEu não sou um leitor de poesia, mas, não há como negar a beleza delas e como são em sua maioria carregadas de sentimentos, acho que poesia deve ser como músicas, quem escreve, tira todo sentimento de dentro se si e põe em palavras que vão impactar muitas outras pessoas e eu acho isso lindo!!
Beijos!
Eita Já Li
Olá, achei a obra extremamente sensível, percebo que deve ser emocionante acompanhar a leitura, meu único pesar é que a temática sobre paternidade me fere muito atualmente, meu pai está muito doente, há dois anos lutamos para mantê-lo confortável então não sei se daria conta de ler a obra, entretanto adorei conhecer o trabalho do autor.
ResponderExcluirOioi! As pessoas queridas nunca se vão de todo, todas as lembranças que deixam conosco as mantém vivas, como a voz do pai que fala ao João. Parece ser uma leitura sensível e difícil, falando de dores como só a poesia é capaz de falar. Deve ser uma experiência linda. Abs!
ResponderExcluirOi Lilian, tudo bem?
ResponderExcluirEsse post foi curtinho, mas me tocou muito. Esse livro deve ser muito lindo de se ler, ainda mais quem tem um pai ainda vivo, como eu. Ou para quem perdeu um ente querido, seja pai ou não. Sem dúvida esse livro é uma dica preciosa para quem gosta de poesia.
Um beijo de fogo e gelo da Lady Trotsky...
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