Header Ads

Resenha – As flores do mal





Charles-Pierre Baudelaire, nascido em 1821, Paris, publicou originalmente, em 1857, As Flores do Mal, considerada importante obra para o movimento simbolista. Em 2019 a Editora Companhia das Letras, selo Penguin, lança nova edição com tradução e organização de Júlio Castañon Guimarães.

“A velha Paris já não existe (a forma da cidade

muda mais rápido, hélas, do que o coração de um mortal)”.


Fugindo do aspecto meramente sentimentalista, Baudelaire se debruça naquilo que a sociedade da época não queria ver, como paixões fracassadas, angústia, a modernidade caótica, a existência ácida, o tédio. Logo, para melhor compreendê-lo, é necessário mergulhar no contexto histórico e geográfico do século XIX, período da Revolução Industrial, isso porque, o autor faz uma crítica a essa época, como as relações humanas tornaram-se frias, burguesia e o ônus da modernidade.

UMA MENDIGA RUIVA

Moça ruiva, com vestido
Que por estar todo puído
Permite ver a pobreza
E a beleza,

Para mim, poeta sem brio,
Teu jovem corpo doentio,
Cheio de sardas na alvura,
Tem sua doçura.

Usas, com mais segurança
Que rainha de romança
Usa coturno enfeitado,
Tamanco usado.

Em vez de trapo singelo,
Que um traje de corte belo
Se arraste nuns sobressaltos
Sobre teus saltos;

Em vez de meias furadas,
Que a libertinas espiadas
De ouro, em tua perna, um punhal
Luza fatal;

Que os teus nós descuidados
Para nossos pecados
Mostrem teu seio solar
Como o olhar

Que para te desnudar
Tuas mãos se façam rogar
E rechacem, revoltosos,
Dedos maldosos
(...)

Em seus versos o autor não reverencia as donzelas virgens, mas as putas, o desejo, o corpo, a carne, a paixão, o erotismo. A ruiva, de tamanco rústico e surrado pelo uso, agora é a representação do belo. A relação com o presente e a melancolia são o ápice de uma Paris efêmera e paradoxal. “Fervilhante, repleta de sonhos, cidade / Onde o espectro, de dia, interpela o passante!”.


By imagem Blog Companhia

Segundo alguns críticos da literatura, a poesia moderna surge com Baudelaire e sua relação com a cidade, especificamente, Paris, e todos os símbolos contidos nesse espaço urbano. O autor se utiliza da versificação clássica na imagem urbana que ele também experimenta, vivência, não é mero observador.

20 comentários:

  1. Ah, Lili. Tu sabe qhe Baudelaire é um dos meus queridinhos. Esse livro é incrível. Adoro a poesia desse homi, misericórdia. 🖤

    As críticas que ele faz ao seu tempo são cruciais pra se entender sua obra. 🌻🌻🌻

    ResponderExcluir
  2. Olá!
    Quando eu estava cursando Letras, ouvi falar bastante nesse autor nas aulas de Literatura, mas admito que nunca fui atrás para saber mais sobre sua obra ou sua vida. Lendo agora o seu post, me lembrei que essa leitura é uma daquelas que preciso fazer um dia na vida, e por isso já a coloquei na lista de desejados. Como pretendo me especializar para ser uma professora de Literatura, conhecer a obra de Baudelaire será essencial.

    www.sonhandoatravesdepalavras.com.br

    ResponderExcluir
  3. Esse é um livro bem marcante mesmo, Já tem isso por ser a primeira obra de um movimento histórico e chama bastante atenção os seus versos, de fato.
    Gostei da indicação. Bjks!

    Mundinho da Hanna
    Pinterest | Instagram | Skoob

    ResponderExcluir
  4. Adoro! Escancarar na cara da sociedade aquilo que ela tenta esconder, que edição maravilhosa da Penguim.

    ResponderExcluir
  5. Eu nunca li nada do autor, e não sou muito de ler poesia mas fiquei interessado por essa indicação.
    Eu estou procurando poesias para ler e assim sair um pouco da zona de conforto.
    Gostei do pouco que li do trecho Uma mendiga ruiva.
    Beijos

    ResponderExcluir
  6. Que fantástico esse trecho que trouxe em sua resenha. Seria considerado um poema? Eu fico pensando se as rimas, quando necessárias no momento da tradução, são sujeitas à algum distanciamento da obra original... Mas é só uma curiosidade mesmo!
    Meu marido já leu essa obra e achou bem densa. Eu ainda não conheci seu conteúdo como um todo. Abração.

    ResponderExcluir
  7. Eu gosto bastante sobre livros de literatura, se eu pudesse comprar todos e mais alguns eu compraria.

    ResponderExcluir
  8. Muito bom poder me inteirar sobre
    essa obra considerada importante para o movimento simbolista! Gosto quando as editoras resgatam, digamos assim, essas obras para publicar em uma nova edição. Assim com a Editora Companhia das Letras, fez através do selo Penguin em 2019. Outra coisa bem interessante, é como o autor utiliza dessa versificação clássica na imagem urbana da qual ele também experimenta e vivência. Ou seja não é só um mero
    observador. Muito bom.

    ResponderExcluir
  9. Li alguns dos poemas presentes nessa obra e todos eles falavam sobre medos e problemas em uma sociedade frustrada e falida. Um autor para ser lido ao menso tempo que se estuda sobre o tempo em que ele vivia. Uma coisas está ligada a outra.

    ResponderExcluir
  10. Ola! Nunca li nada do autor e não conhecia esse livro, sua resenha ficou muito boa, amei como a abordou. Eu já vou adicionar esse título na minha lista <3

    ResponderExcluir
  11. Que resenha maravilhosa, Baudelaire é um dos meus poetas favoritos e o livro "Desejo de Pintar" é um livro tocante, já Flores do Mau eu ainda não tive a oportunidade de ler mas espero poder ler em breve!

    Parabéns pelo seu trabalho
    Bjs Aruom Fênix
    Blog Leituras de Aruom

    ResponderExcluir
  12. Oi, tudo bem? É bem interessante quando alguns autores saem da "zona de conforto" e escrevem sob uma nova perspectiva. Nunca li nenhuma obra do gênero mas considero importante essa experiência. Nos faz ter um novo olhar. Por falar em Baudelaire sempre tive curiosidade em conhecer sua escrita, principalmente depois de assistir o filme Desventuras em série. A série do Netflix não curti muito. Um abraço, Érika =^.^=

    ResponderExcluir
  13. Olá, tudo bem? É sempre interessante ver que o comportamento social é muito interligado ao que economicamente acontecia num determinado período né?! E às vezes as pessoas se incomodam o quanto essa realidade pode ser brutal e ruim. Não conhecia o livro, mas fiquei super curiosa, até porque sei que foi um época bem emblemática. Dica mais que anotada!
    Beijos

    ResponderExcluir
  14. Acho muito importante qndo as editoras trazem novas edições de obras e autores tão importantes e marcantes. Quanto a Baudelaire, não conhecia, mas muito me atraiu essa abordagem real e crua dos temas das suas obras.

    ResponderExcluir
  15. Eu não conhecia o livro, mas ao ver o nome do autor eu fiquei curiosa com uma coisa, eu conhecia a "Síndrome de Baudelaire", li um livro com a protagonista com essa síndrome e pesquisei um pouco sobre, mas até então eu nunca tinha procurado a origem do termo. Sabe me dizer se Charles Baudelaire teria alguma ligação com isso?

    Eu gosto de livros como esse e fiquei com vontade de ler, achei a capa muito bonita.

    ResponderExcluir
  16. Que interessante!!!Achei fantástica a análise que você fez! Estou curtindo bastante esse resgate que a editora está fazendo!!! Fiquei muito curiosa pra ler este também. Estou agora lendo o grande Gatsby 😊

    ResponderExcluir
  17. Adorei conhecer a obra e história por aqui, achei mega interessante para os apreciadores do gênero, não leio muito o gênero mais anotei a dica por aqui!

    ResponderExcluir
  18. Adorei conhecer seu blog, sempre tem conteúdos de qualidade! Parabéns!

    Meu Blog: Como ganhar na loteria

    ResponderExcluir

O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

Instagram: @poesianaalmabr