Resenha – Perto do coração Selvagem
Perto
do coração selvagem, 1943, foi o romance de estreia de Clarice Lispector, e, segundo Antonio
Candido, ‘soube criar o estilo
conveniente para o que tinha a dizer. Soube transformar em valores as palavras
nas quais muitos não vêm mais do que sons ou sinais’. Recebeu o prêmio
Graça Aranha e inovou no quesito narrativo explorando a temporalidade não
linear e o fluxo da consciência de forma poética. No ano de comemoração do
centenário da autora, a obra ganha nova edição pela Editora Rocco.
Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome
Joana ficou órfã de mãe muito cedo, tempos
depois, o pais também morre e passa a ser criada pela tia (irmã do pai), que
não aprecia as atitudes da criança e se sente incomodada com sua presença
incomum para o que se espera de uma menina. Assim, a tia decide que o melhor é
levar Joana para um internato, onde fica até se tornar adulta.
Aos poucos habituou-se ao novo estado, acostumou-se a respirar, a viver. Aos poucos foi envelhecendo dentro de si, abriu os olhos e novamente era uma estátua, não mais plástica, porém definida
Joana conhece Otávio, por quem se apaixona e, logo depois, casa-se. Como nem tudo são
flores, Otávio mantem uma relação extraconjugal com Lídia, sua ex-noiva, que
está grávida. E no meio desse triangulo amoroso, Joana explora o seu íntimo,
seu mundo interno. Ou seja, não são os episódios externos que dão o tom da
obra, mas a introspecção de Joana frente aos acontecimentos, que, tal como a
criança, em suas divagações e isolamento questiona os aspectos que norteia a
existência humana domesticada.
A liberdade que às vezes sentia não vinha de reflexões nítidas, mas de um estado como feito de percepções por demais orgânicas para serem formuladas em pensamentos. Às vezes no fundo da sensação tremulava uma ideia que lhe dava leve consciência de sua espécie e de sua cor. O estado para onde deslizava quando murmurava: eternidade
A personagem Joana se mostra com os
sentimentos selvagens, logo, sentimentos que não podem ser amansados, que são
livres, realidade distante do mundo externo repressor, o que torna Joana solitária
na busca por si mesma, que, por sua vez, rompe com o estereótipo do ser mulher.
Joana é a representação da transgressão da infância a vida adulta ao desafiar
com seu coração selvagem a ordem estabelecida.
Olá tudo bem? Eu nunca li nada de Clarice, aqui na estante tenho uma obra dela publicada pela rocco que foi um copilado de todos os seus trabalhos, ainda não li mais quero muito, adorei saber sobre seu primeiro romance!
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Nunca li nada da autora, mas tenho bastante curiosidade. Não tinha conhecimento desse romance da Clarice Lispector ainda, mas fiquei bem interessada em ler. Adorei a resenha e dica!
ResponderExcluirBeijos,
Duas Livreiras
Oie Lilian!!
ResponderExcluirO único livro da Clarice que li foi A Hora da Estrela e bom, não vou fizer que foi uma excelente experiencia kkkk por que não foi, achei o livro bem chato ainda que tenha entendido todo o contexto e idea da obra, desde então não voltei a ler nada dela, achei a premissa desse livro interessante, mas, ainda assim sigo com o pé atrás kkkkk
Beijos!
Eita Já Li
Não o leia. Livro muito cansativo. Morte e depressão o tempo todo.
ExcluirClarice é incrível e extremamente filosófica. Adoro os livros dela, é sempre um mergulho pela mente da mulher urbana brasileira. Adorei a resenha!
ResponderExcluirBeijos,
星 [https://stelladavansso.wordpress.com]
Opa, tudo bem por aí?
ResponderExcluirUma das minhas metas que quero cumprir no presente ano é ler algumas obras da Clarice. Curiosamente, o romance de estreia dela não estava na minha lista, porém, depois de sua resenha, percebi que tenho que ler haha. Adorei o post!
Abraços!
www.acampamentodaleitura.com
ainda me dei ao prazer de ler essa obra de clarice, não sei conseguiria ter essa sua perspectiva da obra mas gosto de ler suas resenhas por isso, a forma como você conta suas percepções e faz sua analises.
ResponderExcluirOi, tudo bem?
ResponderExcluirAcredita que nunca li nada da Clarice Lispector? Para não dizer nada, quando criança li um livro com histórias do folclore brasileiro. Mas tenho muita vontade de ler as obras dela, que pelo que vejo escreve histórias complexas e que sempre trazem reflexão.
Não conhecia esse ainda, mas fiquei muito curiosa pelo enredo. Acredito que deve ser interessante acompanhar a protagonista em sua jornada buscando a si mesma. Adorei a resenha e anotar a indicação.
Beijos!
Oi Lilian.
ResponderExcluirEu ainda não conheço a escrita da autora, mas pela sua resenha dá para notar a riqueza que Clarice Lispector contém na sua escrita. Obrigada pela dica, já adicionei na lista de desejados e parabéns pela resenha.
Bjos
Olá, ainda não tive a oportunidade de ler nada da Clarice, porém admiro muito a autora , essa obra parece ser bem interessante, tenho para mim que acompanhar um personagem na jornada da busca por si mesmo é também conhecer a nós mesmos sempre um pouco mais.
ResponderExcluirAinda não li esse título dela, mas gosto de fluxo de consciência que encontro na obra de Clarice... O último que li dela foi Água viva, agora em março... que livro lindo...
ResponderExcluirEspero poder ler Perto do coração selvagem em breve.
Küss meine Schatz 🌻
Se eu te falar que nunca li nada da Clarice, você acredita? Sei que ela é uma autora incrível e cuja obra é um tesouro que ultrapassa gerações, mas nunca li. Esse livro me parece ser bem forte, especialmente pela questão do caso extraconjugal, de como a protagonista tem que lidar com tudo isso... fora o passado, é rejeitada pela tia desde criança... =/
ResponderExcluirNão é um livro fácil...
Bjks!
Mundinho da Hanna
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Oie!
ResponderExcluirEu já li algumas poesias da Clarice, mas não é muita a minha praia. Infelizmente não me interesso por conteúdo clássico, então sempre passo as indicações. Mas que bom que você gostou!
Beijo
https://www.capitulotreze.com.br/
Bastante notório que você não lê... espero que um dia você se dê a oportunidade de conhecer a literatura...
ExcluirOi,
ResponderExcluirPerto do coração selvagem é um título da Clarice que ainda não gosto, porém, tenho muita curiosidade por ser sua primeira obra publicada. Dela li alguns de contos, A hora da Estrela e Água Viva, os quais gosto muito. Adorei sua resenha porque explicou bem sobre o que se trata a obra, coisa que eu acho bem difícil de explicar quando se trata de Clarice. Parece uma obra bem complexa e introspectiva.
Abraço,
www.blogdecaranasletras.blogspot.com
Eu ainda não tinha lido algo falando sobre esse romance de estreia de Clarice Lispector!Gostei bastante de como ela conseguiu transpor valores em suas palavras. E assim, nos presenteando com essa obra. Interessante essa representatividade dos sentimentos selvagens e livres sufocados pela opressão exterior através da personagem Joana.
ResponderExcluirwww.amantedaartedaliteratura.blogspot.com
Esse é um dos clássicos da literatura brasileira que eu gostaria de querer ler, mas parei de insistir. Espero me interessar pela obra de Clarisse futuramente. Abraços.
ResponderExcluirQue bonita edição... Aqui em casa temos esse livro. Meu marido ganhou em um sorteio. E gostei de duas coisas que você ressaltou, pois são elementos que me agradam na literatura: narrativas não lineares e fluxo de consciência.
ResponderExcluirVou tentar encaixar essa leitura nos próximos meses. Eu só li uma obra da autora até hoje.
Abraços e excelente resenha!
Acredito que eu nunca li nada da Clarisse? Porém depois desse post fica impossível não querer sabe mais sobre a autora! Amei seu post <3
ResponderExcluirEu tenho acompanhado um novo interesse pelas obras da Clarisse, e essas novas edições estão bem caprichadas. Faz tempo que não pego uma obra dela, e achei suas reflexões muito assertivas! Abraços!
ResponderExcluirOi, tudo bem? Ah, essas novas edições da Clarice estão simplesmente incríveis. Tenho acompanhado os lançamentos da Editora Rocco, uma edição mais bonita do que a outra. Já fiz uma lista das obras que quero ler ainda esse ano. Interessante ela não querer seguir um estereótipo, querer agir por conta própria. As vezes isso é difícil na vida real. Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluirGostei muito da sua resenha, bem clara e instigante. Eu não li tanto quanto deveria das obras de Clarice, mas confesso q me chamam muito a atenção. A que vc abordou é uma das q estão na lista, acompanhei o lançamento da nova edição. Enfim, uma excelente indicação.
ResponderExcluirVocê foi uma grande incentivadora (ainda que sem saber) para que eu lesse algo da Clarice, li o livro Água Viva e fiquei fascinada com a escrita dela. Quero ler ess também.
ResponderExcluirFico feliz em saber disso
ExcluirEu acredito que houve um equívoco. Otávio não era professor no internato. O professor é outra pessoa, que também é comprometido. Foi um primeiro amor de juventude.
ResponderExcluirEsse livro está me deixando um pouco doida... confesso que estou fazendo um esforço para ler mas mesmo assim me pego voltando páginas e relendo... está sendo um desafio para mim !
ResponderExcluirClarice Lispector não é e nem nunca será uma leitura fácil; não é e nem nunca será uma autora convencional. Daí o interesse de tantas gerações por sua obra! Estou lendo esse romance pela primeira vez; e sinto alegria em confessar que esse foi o primeiro livro brasileiro que me levou a procurar resenhas e me levou a procurar explicações sobre ele, ainda antes do final da leitura, dada sua profundidade e sua densidade. Falo tanto da autora quanto da obra....
ResponderExcluirDá um nó na cabeça, mas leitura boa é aquela que nos desafia!
Linguagem bastante inquietante, parece um borbotão saído direto do inconsciente - o titulo do romance ela na primeira pagina demonstra que desdobrou do James Joice, o que não tem nada demais, mas é curioso e inventivo, ler só com muita atenção
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