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Resenha - As paixões pela vida coletiva





O título dessa resenha faz referência a uma frase na sinopse do livro Das Quadras para o Mundo, de Preto Zezé, CeNe Editora. Esse é um livro sobre superação? Sim. Mas, também é um livro sobre amorosidade e a voz do povo.

Conheci Preto Zezé nas ruas de Fortaleza, lavando carros

Como muitos Pretos, Zezé tem em sua ancestralidade uma dura história, por sua família ser do Nordeste, interior do Ceará, enfrentaram a seca e os abusos de uma terra esquecida. Preto Zezé nasceu em Fortaleza, em Aldeota comunidade das Quadras.

Ao relatar sobre a Comunidade das Quadras, na Aldeota, de onde vim, lembro das atividades que fazíamos para dar visibilidade positiva para o nosso lugar, para sair em outros cadernos de jornal que não fosse o policial; ou de toda uma reflexão sobre a dinâmica da cidade a partir daquilo que vivíamos ali. Poder fazer esse diálogo e trânsito entre diferentes mundos dentro das próprias e muitas Fortalezas, é muito legal (Zezé ao Diário do Nordeste)

Zezé conhece bem o ônus de ser invisibilidade no Brasil, mas como ele mesmo se intitula, é cria da favela e filho das Quadras, e esse é o palco de parte de sua história, o palco que o fez conhecer sobre solidariedade “Naquele cenário de miséria, parecia que a solidariedade tinha mais terreno fértil, pois quem não tinha água e luz era ajudado por quem tinha”.

Foto Editora CeNe

E nesse contexto, também aprendeu sobre comunidade, ativismo e sobre o preconceito e ódio das elites e classe média que torciam – e não se enganem, torcem – para que todos daquela comunidade permanecessem na miséria. Zezé não se perde em puro sofrimento, ele traz a essa história a voz da comunidade, a história de pessoas que se eternizam em suas ações.

A Quadra com seus guerreiros e guerreiras é como uma constelação de estrelas que torna esse céu mais bonito, cada uma com seu brilho e sua beleza. Acho difícil vocês conhecerem um lugar com tanto potencial e com tanta gente fantástica como as Quadras.

Maior honra ser cria da favela, filho das Quadras.

E durante as páginas do livro, o autor cristaliza a esperança, mesmo quando ele se sentia inferior e sem forças para o ativismo, para fortalecer sua identidade, a noção de pertencimento a um grupo é evidenciada a todo instante.

Na sociabilidade das ruas, enfrentávamos o medo do desconhecido como a forma de lazer. A rua nos acolheu, ensinou, nos deu identidade de grupo, de território, uma causa a defender, mesmo que inconscientemente. As esquinas eram o lugar mais frequentados, mais que nossas próprias casas e de amigos e parceiros mais próximos, os familiares mais próximos.



Os sonhos da criança de poder comer uma pizza podem parecer românticos, mas longe disso, é um despertar social. Não é justo que uma criança seja também responsável pelo sustento da família, bem como, não é justo que uma família trabalhe por horas e ter o acesso negado ao que é produzido. Zezé, com sua história faz uma explanação da acumulação individual do capital. Ele como muitos vivenciou a exploração do trabalho coletivo para que poucos tenham acesso às riquezas produzidas pelo próprio trabalho coletivo escravizado. Infelizmente, essa é ainda a realidade do Brasil Neofascista e Neoliberal.

Às vezes, dentro dos silêncios das nossas almas, nascem muitos demônios que a gente tenta matar para que eles não nos matem por dentro.

Autor, Zezé construiu uma jornada sem abandonar sua cultura. Hoje, é presidente Global da CUFA, criou o Movimento Cultura de Rua, lançou sete discos, é produtor artístico e cultural, é empresário e consultor de projetos para empresas e governos em Desenvolvimento Socioeconômico. Quadras para o Mundo prova que não é uma questão de meritocracia, mas de políticas públicas e que o poder tem que estar nas mãos do povo. Materializar igualdade, direitos e equidade só será real se viver do povo e para o povo, jamais das elites.

11 comentários:

  1. Oi!!
    Primeiro eu preciso dizer que sua resenha está linda! Eu pessoalmente fico tão mais tão feliz vendo livros com essa temática recebendo visibilidade, abordar a realidade vivida por muitos e falar sobre tantas questões importantes como racismo, invisibilidade social, pobreza entre outras questões.
    Ainda que haja livros no mercado abordando esses temas eles ainda são escaços, então sempre quando vejo um novo livro abordando esse temas fico muito feliz! Fiquei feliz também por você ter lido e gostado do livro, a verdade é quem nem todo mundo está pronto para ler um livro com tamanha realidade, ninguém quer estourar a bolha em que vive! Obrigado por ler e divulgar esse livro sem dúvidas é muito importante!!

    Beijos!
    Eita Já Li

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  2. Oi Lilian! Que resenha mais fantástica! Quero conhecer esse ser humano lindo que você nos apresenta hoje! É importante saber que ainda existem pessoas que lutam, que não desanimam diante das dificuldades e ainda conseguem fazer a diferença! Nos empurra e dá coragem pra continuar lutando também!


    Quero muito ler este livro! Muitograta pela dica!


    Um beijo pra ti!

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  3. Oiieeee

    Ah que dica bacana, uma narrativa atual e muito real do Brasil, é sempre interessante ouvir e conhecer essas histórias de vida, porque é um livro sobre exclusão mas também sobre esperança como vc disse. Vou querer ler sim.

    Beijos

    www.derepentenoultimolivro.com

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  4. Olá!
    Esse não é bem o tipo de livro que costumo ler, mas a importância de um livro como esse é tão grande que não dá pra negar nem se quisessemos. Sua resenha também ficou impecável, despertando meu interesse.

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  5. Eu não conhecia este livro e amei saber um pouco sobre ele. Esses temas precisam demais serem divulgados e um meio lindo de fazer isso e abrir os olhos das pessoas é através dos livros.
    Silviane, blog Memento Mori• Siga no Instagram: @kzmirobooks

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  6. Bom demais saber que ainda podemos ter fé na humanidade, né? com tantos casos de pessoas corruptas, conhecer um bom exemplo desse faz o coração ter esperanças. espero poder ler em breve

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  7. Ainda não conhecia esse livro, mas gostei da sua resenha. Esse livro deve despertar os mais diversos sentimentos, né? Assim como deve proporcionar esperança nos dias mais sombrios. Gostei!

    Beijos,
    Blog PS Amo Leitura

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  8. Que resenha maravilhosa, dá aquela vontade de sair daqui e já ir atrás do livro.
    Fortaleza <3 Amo demais!
    Não conhecia a história dele e já quero ler, mesmo sendo um gênero que não tenho costume de ler, tenho me interessado cada vez mais

    Sai da Minha Lente

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  9. Oi, tudo bem? Não conhecia o livro mas achei a premissa bem interessante ainda mais pelos temas que aborda. Toda a vivência, os desafios, e a mensagem transmitida nos mostra que mais pessoas deveriam conhecê-lo. Um abraço, Érika =^.^=

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  10. Olá!
    Eu pouco leio livros não-ficção, mas essa obra me interessou muito, principalmente por se tratar de alguém do Ceará, terra dos meus pais.
    Gostei muito da temática e entendo bem o que quer dizer sobre políticas públicas versus meritocracia.
    bjos
    Lucy - Por essas páginas

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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

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