O que eu sou pra você? / de Kinaya Black
O que eu sou pra você?
O que eu sou pra você?
Sério!
Que coisa eu sou?
Para você me usar
Guardar
Usar novamente
Na hora que quer
No dia que convém
Do jeito que prefere
24 horas depois
Nem lembra
Do que eu fui
na noite passada
Se eu sou alguém,
Não sei.
Pois eu só tenho
Esse tipo de relação
Com objetos.
LANÇAMENTO DO PRIMEIRO LIVRO DE GISELE SOUSA
LUGAR
DE FALA
Não vou pedir pra falar
Em um lugar de fala
Que é meu
Vou estar presente
Em todos os lugares
Uma entidade
Assombrando
Quem ousar
Roubar
Minha voz
Ingratos
Não enxergam
O tanto que já levaram
E continuam levando
De nós.
Sinopse:
Versos livres, como nós é uma coletânea de poemas afrocentrados, focados nas
experiências da negritude feminina, vindos da inspiração de diversas vozes que
não querem mais ter sua negritude apagada. Dividido em três partes, EXISTÊNCIA,
que apresenta poemas gerais sobre o cotidiano, ESSÊNCIA, o ser feminino e seus
altos e baixos na busca de se encontrar, e CONVIVÊNCIA, as idas e vindas da busca
pelo sentir-se amada, aborda sobre a sexualização do corpo negro, a solidão da
mulher negra, a construção de uma identidade, a resistência aos padrões
opressores e o amor ao próprio ser.
Sobre a autora: Kinaya Black é o pseudônimo de Gisele Sousa Santos, natural de Quixadá-CE.Escreve poemas, contos e romances inacabados desde quando era criança. Sempre criou personagens negras como protagonistas, para sentir que ela mesmo estivesse se aventurando, mas o reconhecimento como escritora de literatura negra, só veio após a adolescência, quando passou pelo período de aceitação étnico racial e reconhecimento enquanto mulher negra. Atualmente dedica-se à produção literária no meio digital, onde publica contos na plataforma sweek, e poemas em sua página no tumblr. Aos 23 anos, está concluindo a graduação em letras inglês na Universidade Estadual do Ceará(FECLESC/UECE). É ativista do movimento negro com forte atuação em escolas e espaços públicos, onde realiza atividades que promovem a conscientização e a representatividade negra. Tem a escrita como mais uma das formas de resistência contra o sistema racista e sexista brasileiro, que insiste em perpetuar na nossa sociedade. Participa de alguns projetos que disseminam cultura e conhecimento para além de sua região, como a participação no Ciente- Núcleo de Divulgação Científica da UECE/FECLESC, onde é criadora de peças digitais e editora audiovisual e por quatro anos foi produtora do Encontro de Leitores do Sertão Central, maior evento literário do interior do Ceará.
Maravilhosa! Manda muito!
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