Reza de Moinho / Thiago Medeiros
Vi a menina
Cavalgar um gemido
Correndo do pai
Que tinha a mão
Cheia da cara da mãe
Vi o menino
Na estação ferroviária
Parir um embrião de fome
Pedaço de virgindade
Mutilada
Vi arrancarem
Nossos dedos a bala
E nossos dentes a tiros
Enquanto a língua
Ainda lateja
Mariele
Mariele
Mariele
Vi o fogo nas roupas
Dos que nada têm
E a firmeza nos
Aplausos de todo
Cidadão de bem
Resta uma reza
Uma última reza
Fechai bem
Os olhos
Meu Deus
Teus filhos tudo
Fazem e refazem
E abençoai-me
Rainha dos céus
Com a cegueira
Necessária
Para amar
O mundo.
Thiago
Medeiros é escritor e produtor cultural em Caruaru (PE),
idealizador do Encontro Literário Letras em Barro, menção honrosa no II Prêmio
Pernambuco de Literatura. Aguarda o lançamento do seu primeiro livro de contos,
Claro É O Mundo À Minha Volta, pela Editora Patuá.
Semana Antifascista #elenão #épelavidadasmulheres
Semana Antifascista #elenão #épelavidadasmulheres
Olá,
ResponderExcluirMuito triste o poema, a mistura de pedir por uma salvação e a crueldade imediata torna tudo mais triste e real.
Debyh
Eu Insisto
Olá!
ResponderExcluirSeu poema representa muito a situação triste em que vivemos. Adorei a iniciativa da sua semana antifascista. #Elenão!
Bjs
Lucy - Por essas páginas
Lindo e triste ao mesmo tempo, mas como a Lucy falou, diz muito sobre os dias de hoje.
ResponderExcluir#elenão!