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paul verlaine / 2018 degenerado

Soft on Soft by Kimberley Dow





Internadas

Quinze anos uma, a outra uns dezesseis,
Num só quarto dormiam lado a lado.
Era em Setembro, à noite, um ar pesado.
Cor de morango, olhos azuis, tão frágeis.
Despem, como quem livre se deseja,
A veste fina, d’ambar perfumada.
Ergue a mais nova os braços, arqueada,
Enquanto, mãos nos seios, a irmã a beija.
De joelhos já cai, e assim treslouca,
Cola o rosto ao ventre, e sequiosa a boca
Afunda no que é sombra e incandescência;
E a menina recenseia o que sente
Plos débeis dedos, um valsar fremente,
E rosada sorri com inocência.

(Tradução de Luiza Neto Jorge, in Paul Verlaine (1844-1896)Poemas Malditos, edição em fascículos com doze desenhos de José Rodrigues, Editorial O Oiro do Dia, Porto, 1991.)

“O soneto foi inicialmente publicado em Bruxelas em 1867, no livro Amigas, sob o pseudónimo de Pablo Maria de Herlagñes (Ségovie), numa tiragem de 50 exemplares. Condenado à destruição de todos os exemplares pelo Tribunal de Lille, e multado o seu editor, o que não impediu sucessivas edições clandestinas até à sua circulação sem proibições.” (Fonte: vício da poesia)

7 comentários:

  1. Oiii

    Imagino mesmo o poema ter sido proibido naqueles tempos, acho que é bem moderno para a época. Não acompanho muito poemas, leio pouco, mas sempre acho interessante a versatilidade de tudo o que s epode abordar em tão poucas palavras.

    Beijos

    www.derepentenoultimolivro.com

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  2. Oie tudo bem? Não costumo ler poesias, poemas e etc. Lia quando eu era mais nova, porém este seu post e deixou curiosa para ler, parabéns pelo post

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  3. Oie, que soneto lindo! Por falar sobre setembro me fez lembrar do setembro amarelo, por algum motivo, acho que por conta do tom do soneto. Parabéns pela postagem, gera muitas reflexoes.

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  4. Olá não conhecia o texto, muito lindo,interessante o fato dele ter sido proibido e mesmo assim o autor lutar pela sua circulação

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  5. Olá!

    Achei um pouco pesado por dar a entender se tratar de irmãs, fora isso tem sua beleza e as informações disponíveis no fim da publicação foram muito positivas para que possamos entender melhor o contexto. Beijos

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  6. Poesias não são algo que me agrade, mas gostei de saber sobre a persistência do editor de continuar publicando clandestinamente até enfim poder circular sem proibições.

    Beijos, Gabi
    Reino da Loucura | Facebook | Instagram

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  7. Entendo os motivos para o soneto ter sido barrado na época, mas é tão bonito que seria um pecado não ter chegado aos dias atuais onde tudo é tão mais aberto e tolerável. Simplesmente lindo :)
    Abraços

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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

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