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Conhecendo a Editora Boitempo




Foi com alegria que recebemos a notícia de parceria com a editora Boitempo, o catálogo que já é de vasto conhecimento no meio acadêmico, também conta com livros de ficção e literatura infantil. Aqui, já resenhamos Pssica, de Edyr Augusto e o próximo livro será do Hereges, de Leonardo Padura. Em não ficção, também traremos Feminismo e Política, obra essencial para quem almeja entender as principais contribuições da teoria política feminista a partir da década de 80 do século passado. Não se preocupem, durando o ano, muita coisa vai acontecer entre resenhas, quotes e indicações. No momento, esperamos que possa conhecer melhor a Boitempo que já está no mercado há mais de 20 anos.


SOBRE A BOITEMPO

A Boitempo Editorial foi fundada em 1995, por Ivana Jinkings. O nome da editora – inspirado em um poema de Carlos Drummond de Andrade – é uma homenagem ao maior poeta brasileiro e também ao criador da primeira Boitempo, o dirigente comunista Raimundo Jinkings, pai de Ivana.

A editora consolidou-se produzindo livros de qualidade, com um catálogo consistente e opções editoriais claras. O reconhecimento desse trabalho se constata pela ampliação do número de autores e leitores e pela conquista de prêmios importantes.

Inicialmente, o objetivo era editar textos de indiscutível relevância, esquecidos ou ainda inéditos no Brasil, como a obra de estreia – Napoleão, de Stendhal, livro que revela o lado “historiador político” do escritor. A ele se seguiram outros clássicos da literatura, como Machado de Assis, Anatole France e Jack London. Aos poucos, as escolhas passaram a abarcar também novos autores, como Edyr Augusto e João Carrascoza, passando por nomes já consagrados, como Flávio Aguiar e Roniwalter Jatobá.

Com mais de 20 anos de existência, Boitempo publicou obras dos mais influentes pensadores nacionais e internacionais, que se tornaram referência em vários centros de ensino e pesquisa, abrangendo diversas áreas das ciências humanas, como economia, política, história e cultura.

A Boitempo mantém ainda seis coleções, coordenadas por alguns dos principais intelectuais brasileiros: Estado de Sítio, dirigida por Paulo Arantes; Marxismo e Literatura, por Leandro Konder; Mundo do Trabalho, por Ricardo Antunes; Pauliceia, por Emir Sader; além das coleções de clássicos e das obras de Karl Marx e Friedrich Engels, estas em edições comentadas e traduzidas diretamente do alemão. Semestralmente publica a revista Margem Esquerda, de estudos marxistas.

Em 2011, a editora passou a disponibilizar seus livros também em formato digital – os chamados ebooks – e a ter maior presença nas redes sociais, mostrando que valoriza a acessibilidade e o contato direto com o leitor. Esses são alguns dos motivos pelos quais a Boitempo tornou-se respeitada no mundo editorial, na academia e entre o público leitor. Com a convicção da qualidade do trabalho realizado, procura sempre oferecer informações sobre os títulos, reafirmando o respeito ao leitor, ao autor e aos colaboradores como ponto principal de sua atuação.


CATÁLOGO


Em seu novo livro, o escritor cubano Leonardo Padura repete a façanha do best-seller premiado O homem que amava os cachorros ao criar uma mistura de romance histórico e noir, resultado de anos de investigação sobre a perseguição aos judeus. O ponto de partida é um episódio real: a chegada ao porto de Havana do navio S.S. Saint Louis, em 1939, onde se escondiam 900 refugiados vindos da Alemanha. A embarcação passou vários dias à espera de uma autorização para o desembarque. No romance, o garoto Daniel Kaminsky e seu tio, aguardavam nas docas, trazendo um pequeno quadro de Rembrandt que pertencia à família desde o século XVII e que esperavam utilizar como moeda de troca para garantir o desembarque da família que estava no navio. No entanto, o plano fracassa, a autorização não é concedida, e o navio retorna à Alemanha, levando também a esperança do reencontro. Quase setenta anos depois, em 2007, o filho de Daniel, Elías, viaja dos Estados Unidos a Havana para esclarecer o que aconteceu com o quadro e sua família. Hereges ganhou o X Prêmio Internacional de Romance Histórico "Ciudad de Zaragoza" e foi finalista dos prêmios Médicis e Fémina. Leonardo Padura ganhou recentemente o Prêmio Princesa das Astúrias, pelo conjunto de sua obra.



O livro retrata as grandes experiências da libertação da mulher e do amor livre na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) depois da Revolução - e por que falharam, quando entrou em cena a burocracia stalinista. "Seu tema é a difícil relação entre vida material e belos ideais", afirma Goldman. O livro examina as condições materiais da União Soviética logo após a Revolução e explora questionamentos relevantes para qualquer movimento social: quando um novo mundo poderá ser criado? Quais são as condições necessárias para se realizar ideais revolucionários? É possível que se crie total liberdade sexual para homens e mulheres sob condições de desemprego, discriminação e persistência de atitudes patriarcais? O que podemos apreender dessa experiência, depois da Revolução Russa? Combinando história política e social, o livro recupera não apenas as lições discutidas por juristas e revolucionários, mas também as lutas diárias e ideias de mulheres trabalhadoras e camponesas.


Mais importante obra de Angela Davis, Mulheres, raça e classe traça um poderoso panorama histórico e crítico das imbricações entre a luta anticapitalista, a luta feminista, a luta antirracista e a luta antiescravagista, passando pelos dilemas contemporâneos da mulher. O livro é considerado um clássico sobre a interseccionalidade de gênero, raça e classe. 
Um clássico, para o pensador Norberto Bobbio, é um intérprete único de seu tempo, com tamanha reserva de atualidade que cada época e cada geração têm a necessidade de relê-lo e, ao relê-lo, de reinterpretá-lo. Dessa forma, um clássico cria teorias-modelo com vistas à compreensão da realidade, de tal sorte que consegue até mesmo explicar contextos diferentes daquele em que foi gestado.
O livro Mulheres, raça e classe, da intelectual e feminista estadunidense Angela Davis, amolda-se, com precisão cirúrgica, a essa definição. Publicado em 1981, logo se converteu em referência obrigatória para se pensar a dinâmica da exclusão capitalista, tomando como nexo prioritário o racismo e o sexismo. Ordena-se sobre um arco de temas inescapável para compreendermos o modo de funcionamento das sociedades marcadas pela tragédia da escravidão moderna (o papel da mulher negra no trabalho escravo; classe e raça na campanha pelos direitos civis das mulheres; racismo no movimento sufragista; educação e libertação na perspectiva das mulheres negras; sufrágio feminino na virada do século; estupro e racismo; controle de natalidade e direitos reprodutivos; obsolescência das tarefas domésticas).

A perspectiva adotada por Davis realça o mérito do livro: desloca olhares viciados sobre o tema em tela e atribui centralidade ao papel das mulheres negras na luta contra as explorações que se perpetuam no presente, reelaborando-se. O reexame operado pela escrita dessa ativista mundialmente conhecida é indispensável para a compreensão da realidade do nosso país, pois reforça a práxis do feminismo negro brasileiro, segundo o qual a inobservância do lugar das mulheres negras nas ideias e projetos que pensaram e pensam o Brasil vem adiando diagnósticos mais precisos sobre desigualdade, discriminação, pobreza, entre outras variáveis. Grande parte da nossa tradição teórica e política (Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda, para ficarmos em poucos exemplos) insiste em confinar as questões aqui tratadas por Davis na esfera privada, como se apenas desta proviesse sua solução.

A iniciativa da Boitempo de traduzir esta obra, ainda não publicada no Brasil, desponta como uma inestimável contribuição para disseminar as ideias imprescindíveis de Angela Davis (sabemos o quanto ela vem sendo estudada e difundida pelo feminismo negro e por setores da academia) e oferecer, assim, angulações e perspectivas pouco ou nada exploradas pelos empreendimentos voltados à compreensão da nossa intrincada realidade. Como aconselha Bobbio, para não sermos induzidos a crer que a história, a cada ciclo, recomeça do zero, é preciso ter paciência e saber escutar as lições dos clássicos. Em tempos sombrios, esse conselho soa como urgência política.




Publicada originalmente em 2010, a obra vendeu mais de 600 mil exemplares e permaneceu na lista de mais vendidos do The New York Times por mais de 120 semanas. O livro desafiou a noção de que o governo Obama assinalava o advento de uma nova era pós-racial e teve um efeito explosivo na imprensa e no debate público estadunidense, acumulando prêmios e inspirando toda uma geração de movimentos sociais antirracistas. A nova segregação ganhou o NAACP Image Award de melhor não ficção em 2011. A edição brasileira tem apresentação de Ana Luiza Pinheiro Flauzina, orelha de Alessandra Devulsky, revisão técnica e notas Silvio Luiz de Almeida. Pedro Davoglio assina a tradução. 

“O sistema de castas raciais nos EUA não foi superado, foi meramente redesenhado”, diz a jurista. Ao analisar o sistema prisional dos EUA, Alexander fornece uma das mais eloquentes exposições de como opera o racismo estrutural e institucionalizado nas sociedades ocidentais contemporâneas. Para a autora, o encarceramento em massa se organiza por meio de uma lógica abrangente e bem disfarçada de controle social racializado e funciona de maneira semelhante ao sistema ‘Jim Crow’ de segregação, abolido formalmente nos anos 1960 após o movimento por direitos civis nos Estados Unidos. Não é à toa que este país possui atualmente a maior população carcerária do mundo (com o Brasil pouco atrás, em 4º lugar, depois da China e da Rússia). 




Um coelhinho de saia, batom e sapatinho de salto. Outro coelhinho de botas, calça e gravata. Assim fica fácil saber quem é menina e quem é menino! Mas e quando a menina quer usar botas pra atravessar o riacho? E quando o menino precisa do salto pra ficar mais alto? Batom serve pra desenhar? E esse chapéu, é de quem? Trocar de roupa é divertido! E agora, como faz pra saber quem é menina e quem é menino? Bom... Mas isso importa mesmo?
Em março, a escritora e ilustradora Janaina Tokitaka lança pelo selo Boitatá o livro Pode pegar!, que aborda de forma sutil e encantadora os costumes culturais relacionados à identidade de gênero. Escrito para crianças em fase de alfabetização, o livro tem como protagonistas um coelhinho e uma coelhinha que não veem problema em trocar de roupa um com o outro, ainda que estas remetam a universos bastante distintos: o masculino e o feminino. Brincando com os estereótipos, a autora e ilustradora – que começou sua carreira na Folhinha e hoje é autora de mais de quarenta livros infantis – levanta a pergunta: o que faz de uma roupa “de menino” ou “de menina”?

Faixa etária indicada: Leitura compartilhada: 0-4 anos | Leitura autônoma: a partir dos 5 anos (alfabetização)



No ano do bicentenário de nascimento de um dos maiores filósofos de todos os tempos, a Boitempo lança um novo título pelo selo Barricada, Marx: uma biografia em quadrinhos, das suíças Corinne Maier e Anne Simon. A HQ aborda a vida e as principais ideias do filósofo alemão, que sonhou com um mundo livre da exploração, da desigualdade e do desemprego. Além de explicar de forma leve e bem humorada conceitos como capitalismo e luta de classes, a graphic novel passa por episódios marcantes na vida de Marx, como a redação do Manifesto Comunista e a influência do pensamento de Hegel em seu desenvolvimento intelectual. 


Você tomaria sopa de gato? E de frango ? Tudo bem matar formigas? Quando? E quantas? Você gostaria de morar em um zoológico? Por quê? É sempre cruel obrigar alguém a fazer algo que a pessoa não queira? Mundo cruel, o primeiro título da série Filosofia Visual para Crianças, estimula a reflexão sobre a crueldade no dia a dia e como nos relacionamos com ela. De forma cuidadosa e ao mesmo tempo provocadora e divertida, o livro aborda questões fundamentais da ética, como a empatia, a responsabilidade e as emoções que determinadas situações podem gerar. Metade jogo, metade livro, a proposta é lúdica: dentro de uma caixa o leitor encontrará 20 cartões ilustrados e, no verso, perguntas instigantes sobre a cena retratada. Há também cartões em branco, para a composição das próprias histórias e promoção da escrita criativa. O livro acompanha ainda sugestões de possíveis caminhos e atividades para a leitura individual ou coletiva, nos mais variados ambientes, seja educacional ou familiar. 
Indicado para crianças a partir de oito anos de idade (e adultos também!), a série Filosofia Visual para Crianças instiga os pequenos a desenvolverem o pensamento crítico de forma criativa e independente. Com conceito e textos desenvolvidos por Ellen Duthie e ilustrações de Daniela Martagón, os livros servem de introdução às grandes indagações da ética e da filosofia, por meio de cenas intrigantes que encorajam as crianças a elaborarem seus próprios argumentos e a construírem um mapa conceitual e visual sobre cada tema.

14 comentários:

  1. Parabéns pela conquista!
    Não conhecia a editora e dessa lista fiquei muito interessada pelo livro Herege. Gosto muito do tema.
    Sucesso para o blog e a editora!
    Abs
    Nizete
    Cia do Leitor

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  2. Parabéns pela parceria! Que seu trabalho seja reconhecido como merece.
    Beijos

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  3. Oi.
    Tudo bom?
    Parabéns pela parceria, não conhecia a editora mas amei uma parte dos livros que você apresentou.

    Quero conhecer melhor através de suas resenhas.
    Beijos

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  4. Não conhecia a editora, mas pelo visto ela traz livros de grande importância para sociedade, seja no meio acadêmico ou no meu caso, uma simples leitora.
    Vários dos livros mencionados me chamaram atenção, com destaque para biografia de Marx em quadrinho, inovador eu diria e claro que Hereges, impossível não gostar de livros com essa premissa. Te desejo sucesso com a parceria e meus parabéns.

    Beijos.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/

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  5. Oi, tudo bem?

    É tão gratificante quando nosso trabalho é reconhecido, não é?

    Confesso que não conhecia a Editora Boitempo, e amei as obras do catálogo - já quero várias hehehehe -

    Espero que esta parceria renda bons frutos! Minhas sinceras felicitações!

    Abraços!

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  6. Olá, parabéns pela parceria. Eu não conhecia a editora e achei o catálogo deles muito interessante, depois quero acompanhar algumas resenhas para conhecer mais o trabalho deles.

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  7. Oiii!!

    Eu conhecia as obras mas não conhecia a editora, que bacana ver isso pelo seu post! Adorei saber que és parceira deles! Tenho certeza que será um sucesso!

    Beijinhos,

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  8. Oi Lilian, já ouvi falar da editora, mas não li nada deles ainda. Parabéns pela parceria e vou ficar atenta as suas indicações.
    Bjs, Rose

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  9. Oie
    esta ai uma editora que publica livros muuuuito fortes e interessantes, principalmente sobre feminismo então com certeza quero conhecer mais livros e adorei esse post, ja coloquei alguns livros na lista de desejados

    beijos
    http://www.prismaliterario.com.br/

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  10. Não lembro se li algum livro da Editora Boitempo. Gostei muito da proposta da editora de publicar livros de qualidade, me lembrou a Cosac Naify. Felizmente temos candidatas igualmente boas no mercado editorial, como a Boitempo. Adorei as dicas de livros também :) Boa sorte com o blog!

    Portal GATILHO
    https://portalgatilho.wordpress.com

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  11. Primeiramente, parabéns pela parceria. Espero que aproveite bem durante todo este ano. Não conhecia a editora e gostei muito de sua história e seus livros me chamaram muito a atenção.

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  12. Oii.
    Não conhecia a editora, eu acho que é porque costumo ler mais livros de romance, então acabo conhecendo as editoras que publicam esses livros.
    Mas obrigada por me apresentar.
    Bjs Mary

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  13. Tenho alguns livros da Boitempo, parabéns por essa parceria.

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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

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