Resenha – O existencialismo de um Búfalo
Em algumas culturas tribais, o búfalo é
aquele que ensina. Que faz o homem, em conexão com o mais instintivo, alcançar
o self. No entanto, tal jornada
sugere desprendimento da inércia – o homem no mundo/o homem no homem – e
obstinação primitiva.
“Miller balançou a cabeça e sorriu. ‘Filho, decerto você fala bem. Fala mesmo, de fato. Foi isso que aprendeu em Harvard?’
Por um instante, Andrews o encarou severamente. Então sorriu também. ‘Não, senhor. Creio que não. Em Harvard, você não fala, apenas escuta.’
‘Ora, pois’, disse Miller. ‘Isso é motivo suficiente para qualquer um ir embora. A pessoa tem que falar por si, de vez em quando.’”
Com um estilo sóbrio, Jonh Williams, no livro Butcher’s
Crossing, Editora Rádio
Londres, na década de 1870, coloca
um personagem comum em contato com o selvagem. Will Andrews, 23 anos, decide sair do mundo ‘civilizado’, classe
média de Boston, e entender sua inquietude existencial em Butcher’s.
“ (...) mas que em sua cabeça assumiria as proporções de uma vasta fronteira que o separava da natureza selvagem e da liberdade que seu instinto buscava.”
Andrews tinha aquilo que o dinheiro
poderia oferecer, um lar confortável, estudo, vida tranquila. Ainda assim,
sente em seu íntimo uma inquietude profunda, uma forte necessidade de
encontrar-se com si mesmo. Motivado pelos instintos, quase um pedido de ajuda
irracional, e em meio a rudes caçadores de búfalos, Andrews que já havia
abandonado o conforto da vida na cidade grande e parte numa nova jornada,
atravessando a fronteira entre a civilização e a natureza selvagem.
“uma forma de liberdade e beleza, de esperança e vigor, que lhe parecia a base de todas as coisas mais familiares em sua vida, que não eram livres nem belas, tampouco cheias de esperança ou vigor. O que ele buscava era a origem e a salvação de seu mundo, um mundo que sempre parecia recusar as próprias origens, em vez de buscá-las.”
Desse modo, o personagem central divide o
mundo em três categorias: a cidade grande com suas futilidades e imbecilização
do ser humano; a fronteira, habitada por mortais iludidos pela artificialidade
da cidade grande e do mundo mecanizado e, por fim, e mais importante, a
natureza selvagem onde o indivíduo ou morre ou vive uma morte simbólica.
“Ele olhou outra vez para o rio. Deste lado, é a cidade, pensou, e do outro, a natureza selvagem; e embora eu precise voltar à cidade, até mesmo essa volta é apenas uma outra maneira de abandoná-la. Cada vez mais. ”
Quando Will Andrews se junta a outros três
homens, formando sua tribo, e sai numa caçada por búfalos, colocando em cheque
seu equilíbrio emocional e físico, ele brutaliza de maneira a romper contratos
sociais do que seja esperado para um jovem de sua idade e materializa um
verdadeiro ritual de passagem para a vida adulta. Abandonar hábitos, conhecer os
limites do corpo, domar o ego, retornar aos primórdios são características que
trazem a metáfora do renascimento do homem-búfalo.
Oioi!
ResponderExcluirEu não conhecia o livro, mas agora que li sua resenha, fiquei com muita vontade de ler.
Amo quando os livros nos levam a fazer uma viagem pra dentro de nós mesmos a fim de nos entendermos e transformarmos.
Os quotes que você colocou cooperaram muito pro meu desejo de ler... rs.
Com certeza vou procurar por esse livro e ler assim que tiver a chance!
Beijos!
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirNossa que obra interessante.
Não conhecia o livro, mas sua resenha me deixou super curiosa. O livro em si já é instigante, essa referencia ao búfalo já nos deixa inquietos e curiosos, mas conhecer um pouco mais da obra na sua resenha me deixou com água na boca.
Parabéns!
Beijos
Também não conhecia.
ResponderExcluirFiquei com vontade de ler, me pareceu uma leitura filosófica e os ritos de passagem sempre me fascinaram seja da criança para adolescência e outros
Valeu a dica.
Bjs
Olá, estava curiosa pra ler uma resenha desse livor. Pelos seus comentários parece ser uma leitura interessante, com essa busca de um rapaz que tinha uma vida confortável por uma vida diferente, mais selvagem. É um tema interessante. Certamente lerei quando puder. E o que você achou da edição da Radio Londres?
ResponderExcluirOi!
ResponderExcluirJá tinha visto esse livro por ai mas jamais imaginei de que se tratava de uma leitura um tanto quanto filosófica e cheia de metáforas quanto ao homem e o seu eu interior. Parece uma leitura muito interessante, principalmente quando se quer sair da zona de conforto literária.
Beijos!
Oii,
ResponderExcluirNão conhecia esse livro e achei ele bem interessante. Me parece ser uma leitura bem intensa, mas fiquei curiosa.
Vou colocá-lo em minha lista.
beijos
Eu realmente não conhecia esse livro e adoraria ter a oportunidade de ler, principalmente por nos envolver fortemente em cada obstáculo, fico feliz de encontrar a resenha desse livro aqui, apenas acompanhava na editora e fiquei com vontade de ler.
ResponderExcluirBeijinhos
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirNossa, eu não conhecia esse livro ainda e também nunca tive a oportunidade de ler nada do autor.
Apesar de ser bem diferente do estilo que estou acostumada a ler, esse livro me chamou a atenção justamente por ter uma premissa muito interessante e que foge totalmente de qualquer outro livro que eu já tenha lido. Parece ser uma leitura que provoca muitas reflexões e questionamentos.
Adorei sua resenha e me interessei muito pelo livro!
Beijos!
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirDessa vez a obra não despertou o meu interesse.
Mesmo com ótimos pontos apresentados na resenha, acho que não faz o meu estilo de leitura.
Então irei passar a dica, um beijo.
Olá
ResponderExcluirNossa que bacana, parece ser muito interessante essa narrativa, nunca li nada parecido com isso, tribo mais búfalo , em uma época maravilhosa como 1870. Bem diferente pelo visto, fiquei muito curiosa, espero ter a oportunidade de ler, adorei sua resenha, a escrita está ótima, parabéns.
Beijos.
Oi! Que teoria interessante essa do búfalo. Faz bastante sentido a questão de despertar o primitivo do homem.
ResponderExcluirFiquei bem curiosa para saber mais a respeito da obra, e como se dará o destino do personagem principal.
Como sempre suas resenhas nos fazem refletir sobre o comportamento humano.
Obrigada pela dica!
Olá!
ResponderExcluirNão sei porquê enquanto lia sua resenha me veio a mente o livro O Regresso que foi adaptado e deu o Oscar para Leo DiCaprio... Talvez a capa, talvez essa descoberta por uma vida em tribos, talvez... Não conhecia este livro e achei muito interessante, a natureza nos desperta pra tantas coisas inimagináveis.
Pesquisarei mais sobre ele. Anotado a dica.
Nizete
Cia do Leitor
Eu não conhecia esse livro, confesso que não é muito o meu tipo de leitura. Eu adoro o seu blog porque você sempre sugere uns livros fora da minha zona de conforto e isso é muito interessante.
ResponderExcluirhttp://laoliphant.com.br/
OOi Lilia!
ResponderExcluirEsse livro foge bastante da minha zona de conforto, acho que justamente por esse motivo mesmo que ele conseguiu despertar meu interesse. hahaha A premissa dele é diferente de tudo que já li, e os pontos quee ressaltou sobre a obra me deixou ainda mais curiosa e interessada no livro.
Ola! Que premissa diferente! Gosto da radio londres por fugir do obvio e trazer enredos tao ineditos, diferente de outras editoras que teimam no mais do mesmo.
ResponderExcluirObg pela dica.
Bjsss
concordo com você ^^
ExcluirOlá!
ResponderExcluirNão conhecia o livro e achei bem curioso rs'
foge de tudo que leio, seria uma nova experiência.
Beijos!
Bom, sem dúvidas é um livro totalmente interessante e fiquei curiosa para ler e entender mais sobre ele. É uma dica bem diferente e gostei bastante de ver a resenha.
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