Resenha - Restos De Nós
O último mês foi de leituras reflexivas e
densas, apesar de agradáveis, e Restos de Nós, da Bia Onofre, Chiado Editora, 190 páginas, pode ser
colocado entre os melhores do período.
Poético, delicado, denso e triste, tudo em
um só, ele retrata a forma como a mulher é escrava da pressão e imposição
social sobre seu corpo, sua vida, seus desejos e sonhos.
Através de dois diários, um físico e outro
virtual, acompanhamos Maria Clara em 1855 e Mariana em 2005.
Sinopse: Sobre a mesa do escritório, o laptop dela abandonado. Aproximou-se, o desassosego aumentou. Veio a tentação de vasculhar os arquivos e penetrar no mundo da esposa, nas anotações que ele desconhecia. Não era do seu feitio, mas por que não? Ela nunca saberia. O dilema moral durou pouco. Usando a mão do médico que alcançava um porta-retrato, o destino esbarrou no teclado e as estrelas da tela de proteção pararam de piscar. Um texto desconhecido, porém familiar, surgiu diante de Rodrigo. Mais de sessenta páginas datadas. Ficou surpreso. Não imaginava que Mariana mativesse tais registros.
O próprio título do livro é reflexivo. São
os restos de nós, as migalhas de nós mesmas que nos permitimos virar, ou são o
restante das ataduras sociais que insistem em nos prender?
Cento e cinquenta anos separam Maria Clara
e Mariana. Entretanto a vida das duas é duramente parecida, assim como a libertação
que as espera.
Uma comunica sua dor através de diários,
outra através de textos num computador, mas é um laço de luta e dor feminina
que as une, independente de quem lê a mensagem.
Quem encontra o diário de Maria Clara é
Victória, uma desconhecida. mesmo assim não pode deixar de se compadecer de sua
dor.
Quem lê o desabafo de Mariana é Renato,
seu marido, quem deveria ter percebido primeiro sua tristeza.
As histórias de vida das duas, apesar de
serem diferentes, se entrelaçam pela impossibilidade de serem felizes, ante uma
sociedade que desrespeita a individualidade da mulher.
Muito difícil resenhar este livro, venho
tentando há quase um mês, talvez mais.
Acho que entendi, afinal, sobre os “restos
de nós” do título do livro.
Trata-se do nó no peito que restará, para
sempre, sufocando o leitor.
Oi Amanda, não conhecia a obra e fiquei bastante curiosa sobre o enredo. Goste de livros desse tipo, uma leitura rápida e agradável.
ResponderExcluirAbraços
Literaleitura
Oiii Amanda, tudo bem?
ResponderExcluirRealmente não conhecia este livro e me deparei com uma obra realmente de qualidade que com toda certeza leria, acredito que tenha muito sentimentalismo, não aquele barato, vamos se dizer, mas a emoção mesmo, emoção da alma e da tristeza como mesmo citaste.
Realmente gostei muito da sua resenha e da obra em si, tem livros que nos causam uma loucura para resenhar, te entendo perfeitamente.
Beijão
como sempre profunda e poética em seus textos, Mandy :D
ResponderExcluireu leria de boas só por ser tu indicando... acredito que é uma história linda... e gosto dessas linhas de tempo que se cruzam' de alguma forma...
bjs...
Pelo que foi escrito nessa resenha, esse livro precisa realmente entrar na minha lista de leitura desse ano. Tudo que envolve tentar descrever um pouquinho dessa nossa luta feminina, vale a pena ser lido. Resenha linda ♥
ResponderExcluirQue resenha linda, com tanta expressividade, que é impossível não tocar o leitor. Bom, tenho lido ótimas críticas sobre esse livro. Parece que a lutar das mulheres, de romperem as amarras que as prendem, ainda está muito longe de ser superada e autora soube lidar muito bem com essa temática.
ResponderExcluirEspero poder ler esse livro. A Mayara resenhou esse livro para meu blog e gostou muito.
Beijos!
oi, tudo bem?
ResponderExcluirnão conhecia o livro, mas só de ver que fala sobre a pressão social sobre as mulheres, já quero ler. E o título realmente tem tudo a ver! Adorei a resenha
beijos
http://meumundinhoficticio.blogspot.com.br/
Oi Amanda, acabei de me deparar com sua resenha ao acaso e estou até emocionada. OBRIGADA por suas palavras. AMEI o final! E concordo com vc: Restos de Nós fica na gente por um bom tempo. Toca mesmo. Eu mesma, como escritora, vira e mexe, tenho vontade de voltar para ele e reler algumas partes (às vezes ele inteiro ri ri ri ri ri ri ri). Mesmo quem não "gosta" da Mariana, se sente incomodado por meses e acho isso fantástico. A personagem, de uma forma ou de outra, questiona, desequilibra, reequilibra, pede respostas... Beijo grande!
ResponderExcluirPoxa Bia, que bonito ver essa sua resposta à minha resenha.
ExcluirFiquei eu também emocionada por ter conseguido emocionar vc... Obrigada por aparecer por aqui :-*