A Novela: dos Menestréis à Cultura De Massa.
“A arte só oferece alternativas a quem não está
prisioneiro dos
meios de comunicação de massas.”
(Umberto Eco)
Quando
falamos de novelas, obviamente lembramos primeiro das novelas transmitidas
pelas televisões, as Telenovelas. São as mais populares e com maior penetração
social. Entretanto as novelas já se prestaram mais a contar histórias da vida
real do que a inventar modas transpostas para o dia a dia. Já lá pelas estradas
do século XII os menestréis, poetas populares inteligentes e ácidos, espalhavam
notícias de lugares longínquos cantando suas trovas enaltecendo heróis ou
denunciando reis, falando de farturas ou escassez, exaltando as belas mulheres
e seus amores corteses.
Entretanto
a população aumentou, os lugares se multiplicaram e as histórias cresceram em
quantidades e páginas, não cabiam mais nas memórias dos menestréis, passaram a
ser escritas e eram, agora, lidas. As poesias cantadas viraram novelas. Depois
radionovelas e hoje telenovelas. No caso do gênero literário novela, não existe
uma classificação unanime, mas poderíamos dizer que é um escrito mais longo que
um conto e mais curto que um romance, com um ritmo mais acelerado, com um
grande número de personagens em que a narração segue em capítulos, onde o
leitor é instigado a ler o capítulo seguinte pelas emoções despertadas no final
do anterior.
As
novelas sempre foram formadoras de opiniões e modificadoras de comportamentos,
entretanto nunca tanto quanto nesses anos televisivos e internéticos. A dependência quase química causada pelas
tramas escritas pelos novelistas e suas equipes se espalham e se entranham pela
malha social com tamanha intensidade que podem deixar em suspense milhares de
pessoas que se sentem instigados a discutir o desenrolar dos capítulos, amando
ou odiando os personagens e, por vezes, os próprios atores encarnados na
criação literária. Aliás, é um tipo diferente de produção literária essa tal de
novela moderna (chamemos assim), enquanto o público era totalmente passivo nos
tempos dos menestréis hoje o autor tem uma interatividade (im)pressionante dos
telespectadores que dão palpites no ritmo e nas ações das crias do escritor,
que não só torcem pelos seus heróis, mas ditam os caminhos que devem ser
seguidos, os beijos que devem ou não aparecer na tela e quem vive ou morre no
próximo capítulo.
As pesquisas entre os telespectadores
servem para orientar o rumo dos acontecimentos e ditar por quanto tempo o
folhetim estará no ar, o autor, por vezes, vê sua originalidade e criatividade
amarrada ao discurso popular precisando atender a uma demanda que não é a da
sua obra, mas sim da cultura de massa que vende um produto básico da vida: emoções.
Mesmo assim quem conseguiu não ficar “vidrado” diante da TV esperando para saber
quem matou Salomão Hayala ou Odete Roitman, para descobrir se havia acertado
quem era a Mulher de Branco ou o Cadeirudo. Quem nunca esperou ansiosamente
para rir com a Viúva Porcina ou quis ser fotografada pelo Jorge Mateus? Pois é!
A novela mudou, mas não sumiu. Hoje ainda encontramos autores que escrevem
livros no estilo romances novelescos. Esse que vos escreve, por exemplo, é um
adepto do suspense ao final de cada capítulo para levar ao leitor um gostinho
de quero mais. Fiquemos, então, assim: Com muita Malhação aceitemos a Regra do Jogo
e os Mandamentos (sejam Dez ou mais) e vamos descobrir se a Dona do Carrossel é
mesmo a Tereza, que, aliás, é Totalmente Demais. Esse final não ficou muito
legal, mesmo assim podemos dizer: Êta Mundo Bom!
Olá!
ResponderExcluirJá fui viciada em novelas, daquelas que mandava qualquer um "calar a boca" se estivesse falando em meio as novelas, daquela que não saía se fosse no horário daquele capítulo emocionante da novela ...
Mas hoje agradeço por ter me livrado desse vício. Antigamente as novelas tinham conteúdo, como diz no texto, falavam sobre as histórias do dia-a-dia. Hoje só vemos violência, mortes, inveja, intrigas e, por mais que essa seja a nossa realidade atualmente, não acho que assistir a esse tipo de maldade vá edificar algo, ou trazer coisas boas para dentro da minha casa.
Precisamos de alegria, voltamos cansados de um dia difícil no trabalho e o que nos recebe na televisão são coisas que nos atormentam ...
Gostei bastante do seu post, mas precisamos refletir mais sobre o que colocamos dentro das nossas casas.
Abraços, Lara.
https://www.facebook.com/dayane.beatriz.969
Obrigado pela sua participação. Abraço.
ExcluirOiee,
ResponderExcluirEu não sou o maior fã de novelas, assisto raramente alguns capítulos de uma ou outra.
Abraços!
http://lendocomobiel.blogspot.com.br/
Abraços, Gabriel. Obrigado.
ExcluirOlá,
ResponderExcluirUal que pesquisa, que publicação, estou besta o quanto está boa viu, não que eu duvide da sua capacidade, mas que nossa, vocÊ arrasou, eu já fui muito apaixonada por novela, mas hoje em dia sei lá pra mim e tudo chata e besta. kkkk
Mas adorei mesmo sua publicação, meus parabéns.
Beijos
Poxa vida que texto belíssimo, irei salvar aqui como favorito.
ResponderExcluirAssisto novelas algumas vezes quando minha mãe está assistindo, confesso que não sou muito fã, mas me encanto pelo trabalho dos atores.
Queria dizer sobre essa frase de início do Humberto Eco, quero muito ler o livro dele "O Nome da Rosa" e fiquei muito chateada com sua morte há poucos dias, pois seu trabalho é encantador.
Abraços
http://blog-myselfhere.blogspot.com.br/
Muito obrigado, Bárbara. Que bom que você gostou e o Umberto Eco dispensa comentários. Abraço.
ExcluirOláa! Gostei muito dessa postagem, principalmente porque consegui aprender coisas novas, não sabia dessas histórias sobre as novelas. Muito bom mesmo! Faz muito tempo que não vejo novela, às vezes até começo a acompanhar, mas ao longo do tempo a trama vai perdendo a graça. Gosto mais das minisséries e olhe lá. Flores no Outono
ResponderExcluirAléxia, é sempre muito bom ter a aprovação dos leitores, mas é ainda mais importante escrever textos que toquem vocês. Obrigado. Abraço.
ExcluirOiee, Leonardo ^^
ResponderExcluirLembro de ver muitas novelas quando era mais nova, principalmente com minha mãe. Mas hoje nem televisão eu assisto, prefiro mil vezes os livros, então fico com as histórias em que eu não preciso aguardar o dia seguinte para ver o que vai acontecer...hehe' a não ser os livros que ainda não têm continuação *-* Acho que teria gostado bastante dessas novelas que contavam histórias mais reais.
MilkMilks
http://shakedepalavras.blogspot.com.br
Oi Dryh, essas que contam as histórias reais são bem antigas, são aquelas dos menestréis. Obrigado pelas suas palavras. Abraço.
ExcluirOie. Tudo bem? Achei o texto esplêndido, com bastante informação que eu mesma não fazia ideia. Sempre fui de ver novelas com a minha avó na infância, hoje não vejo mais, mas confesso que ficava muito apreendida pra descobrir certas coisas. Lembro do cadeirudo que você citou... As melhores novelas são as antigas.
ResponderExcluirOi, Thaísa. Muito legal que você gostou. Abraço.
ExcluirOiiie
ResponderExcluirEu até via novela há alguns anos mas hoje em dia não consigo nem ouvir falar, acho perca de tempo, mas imagino que as antigas eram bem melhores mesmo e com mais conteudo, ótimo texto
Beijos
http://realityofbooks.blogspot.com.br/
Olá, Catharina. Pois é, quanto mais o tempo passa mais comercial se torna a cultura. Abraço.
ExcluirNossa, que matéria interessante! Adorei ver mais sobre a origem e história das novelas.
ResponderExcluirParabéns pela ideia original e pelo texto!
Oi, Dany. obrigado pelo seu comentário, que bom que você gostou. Abraço.
ExcluirOi Leonardo Nóbrega, primeiramente vou parabenizar o teu texto, que está incrível e super instrutivo. No Período passado eu paguei uma cadeira de comunicação social, o que me faz ter alguma noção em relação ao seu texto.
ResponderExcluirOlha te confesso que esse assunto que se referia a comunicação de massa me irritou bastante, nós analisavamos algumas teorias que por sua vez tentavam explicar como durante as épocas a mídia foi mudando e se adaptando, talvez a minha irritação foi porque em alguns momentos eu me sentisse usada, me senti parte dessa massa e sei que sofri com essa manipulação subjetiva e em outros momentos entrei em negação e não queria acreditar que isso realmente contecia, mas infelizmente quando analisamos essas teorias e lemos artigos como o seu percebemos que essa manipulação da mídia acontece e é histórica, como comprova essa "evolução" das novelas, que você tão bem explicou. Seu texto dá muito o que pensar.
Olá, Kris. Obrigado pela participação. Exatamente isso, quanto mais avançamos no tempo mais comercial vai ficando a Cultura de Massa. É uma pena que veículos de comunicação tão poderosos não sejam usados em prol da educação e do entretenimento em um nível mais elevado. Abraço.
ExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirPrimeiramente, este seu texto foi maravilhoso, achei muito bem explicativo. Acreditava que somente existiam a telenovela e a radionovela, nunca iria imaginar que na verdade era um gênero literário.
Achei muito legal você fazer um texto para leigos como eu, saibamos as diferenças e que não existiu somente a que se passa na TV, que teve uma "história" por trás do que vemos hoje.
Beijos,
Larissa (laoliphant.com.br)
Olá, Larissa. Obrigado pelas gentis palavras. Abraço
ExcluirLeonardo trazendo, mais uma vez, um texto daqueles! Adoro como você desenvolve seu raciocínio e nos faz pensar naquilo que escreve; esse texto por exemplo me trouxe uma ótima reflexão. Além de informativo, seus textos são gostosos de ler. E o final ficou ótimo! hahaha
ResponderExcluirBeijo!
Gabrielly, assim fico gabola rsrsrs. Obrigado e abraços.
ExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirAdorei o seu texto, muito bem escrito e explicativo! Eu sempre tive curiosidade sobre o que era novela (na questão "livros") porque sempre dizem que Harry Potter é uma novela e eu achei que fosse romance. É bom entender o que significa.
Sobre as telenovelas, eu AMAVA quando era mais nova, principalmente as mexicanas, não me julgue rs mas depois de mais velha, quantos mais livros eu fui lendo, menos TV fui assistindo. E depois que entendi o que as novelas fazem com as massas, me senti como a Kris, usada. Então, faz bastante tempo que não assisto novelas e fico bem feliz com isso.
Abraços!
Roberta, uma narrativa longa é um romance (independente de ter amores e paixões), mas o que tem sequência ficou popular chamar de novela. Acho que o Harry é um romance anovelado rsrsrsrsrs. Abraço
ExcluirOlá, gostei muito do post, novela como gênero literário eu li poucas, e quando vejo um livro classificado dessa forma já fico curiosa em lê-lo. Quanto as telenovelas, algumas tem algumas tramas interessantes.
ResponderExcluirHá muito tempo que não consigo acomoanhar novelas, já fiz muito disso, rs.
ResponderExcluirEssa eu sinceramente não conhecia, mas lendo seu post vi que ela não faz muito meu estilo. :)
Bjs!