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Resenha – E no olhar reside o amor



SinopseEugenio passa o verão cuidando da casa de campo dos tios – que já pertenceu a ele – em busca de inspiração para um roteiro que está escrevendo. Já Martín está desempregado, e por isso se candidata a cuidar da casa e a consertar tudo que for necessário. Ambos foram grandes amigos na infância, mas não se veem desde então. A relação é restabelecida na base da omissão: Martín não revela que está sem lugar para morar, e Eugenio de início disfarça seu interesse no amigo. Entre muitas conversas sobre o passado e o futuro, rolam flertes furtivos e abraços emocionados.


A famosa pintora Margaret Keane apresentou ao mundo suas crianças com grandes olhos entre os anos 50 e 60 e no drama biográfico dirigido por Tim Burtom “Big Eyes” de 2014, ouvimos o que seria uma explicação para a característica marcante dos quadros. Os olhos são o espelho da alma humana. Alguém já havia proferido essa frase e nos lábios da artista soou não como uma mera explicação, mas uma convicção, uma reafirmação.  E qualquer um que repare no olhar do outro, ou no seu próprio diante de si percebe o latente humano, as marcas individuais e se deixar-se levar reconhecerá o limite e a possibilidade de ultrapassá-lo.
Havaii está cercado de olhares: inquietantes, perturbadores, assustados, esperançosos, duvidosos, silenciosos, prontos...
Dirigido por Marco Berger e com aproximadamente 1h e 42min de duração, o filme é uma produção argentina lançada em 2013. O enredo gira em torno de dois amigos de infância que se reencontram, cada um dentro de sua própria busca. Eugenio (Manuel Vignau) toma a casa dos tios como um refúgio para escrever um romance, ali reside sua esperança, uma esperança rarefeita em um mundo de fortes lembranças do passado. E Martin (Mateo Chiarino) a procura de construir um caminho diferente nas oportunidades presentes.
O inesperado encontro dá-se naturalmente no limite de uma cerca de madeira que após sua abertura, a casa de Eugenio se torna um paraíso de passados e presentes, pois é sob os olhares de ambas personagens que vamos recriar e perpassar os sentimentos imediatos e os ocultos. Não precisaríamos de diálogos, e são poucos os do filme. Não precisaríamos de legendas ou dublagens. São os olhos que nos dizem, nos conduzem.
A casa e suas imediações são os cenários, entremeados de lembranças das infâncias e dos momentos pelos quais passaram juntos. Não percebe-se como uma única pretensão um final no qual as personagens contemplassem seus desejos e  Berger empreendeu um lirismo mágico às cenas. Os gestos são simplórios e inocentes, por mais que tenhamos certezas da dificuldade do toque para ambos. Quando se tem a certeza do nascimento de um amor foi construído um sentimento muito forte, incapaz de ser rompido.
Havaii não limita-se a apresentar uma relação homoafetiva, o beijo é uma mera consequência para sentimentos diários vivenciados pelas personagens. O filme é uma das muitas respostas para como o amor não pode ser delimitado, ele simplesmente acontece, sem explicações.

E é no olhar que termina, dois olhares prontos que se encontram e mais uma vez “talvez o amor escape.”


6 comentários:

  1. Nossa, nossa, nossa! Mindblowing! Hahaha Eu assisti Big Eyes e adorei! Seu texto já me cativou aí, pela referência, e este filme me despertou o interesse. Vou procurá-lo para assistir, espero que seja fácil de encontrar! :)
    Beijo grande!
    www.literasutra.com

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  2. Falou em filmes nessa temática, já estou procurando pra assistir desesperadamente... Adorei a premissa dele e certamente irei curtir a narrativa... Cinema argentino é uma boa pedida ^^

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  3. Olá, eu conhecia por cima a obra, mas não tinha lido nada a respeito, parece ser interessante e gosto de realidades expressadas sem o falso molde que a sociedade impõe.
    Parabéns pela apresentação dele.
    http://k-secretmagic.blogspot.com.br/
    Xoxo

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  4. Gente! Vi esse livro ontem, pensei em comentar mais nem deu tempo...
    Quem diria que você iria divulgar hoje! Estou curioso em ler.

    Atenciosamente Um baixinho nos Livros.

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    1. Talvez, se você conseguisse ler, entendesse que se trata de um filme...

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  5. Olá; ainda não conhecia o filme, achei a história bem interessante e acho que iria gostar de assistir, ver como a relação dos dois se desenvolveria.

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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

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