O que os leitores querem? - Por Janethe Fontes
Bem, para tentar responder à pergunta
acima, temos de entender que “o livro” é um produto como qualquer outro, quando
se pensa em termos de produção/negócio.
E, no mundo dos negócios, para se manter
competitivo, o empreendedor precisa estar sempre “antenado” com as tendências
de mercado. Para isso, empreendedores em geral procuram o máximo de informações
possíveis, através de pesquisas e participações em congressos, visitas a feiras
e eventos relacionados ao seu segmento, e ainda – isso é extremamente
importante – observar o desempenho de seus concorrentes – atuais e futuros,
assim como as modificações na economia e também na sociedade.
No caso de um novo negócio, o
empreendedor precisa definir se vai apostar em mercados conhecidos, onde os
riscos são, aparentemente, menores, já que, como os concorrentes e os preços
dos produtos ou serviços já são conhecidos, assim como o seu mercado
consumidor, faz-se necessário apenas calcular os custos da produção e ajustar
os preços para tentar conseguir um lugar ao sol, OU se vai se arriscar em algo
novo, onde os resultados podem ser espetaculares, mas são também incertos!
Porém, se todo empreendedor temesse demais os
riscos, jamais haveria inovação!
De qualquer forma, independentemente de
ser um novo negócio ou já consolidado, a prática mais comum no mundo
empresarial é a tentativa de identificar, com a maior antecedência possível, as
tendências de mercado. Daí, compreender “quem são os clientes de determinados
produtos”, “por que compram” e “o que buscam nos produtos adquiridos” torna-se
indispensável, segundo alguns empreendedores. Então, são realizadas pesquisas e
mais pesquisas para levantar as expectativas dos consumidores.
O mesmo tem ocorrido no mercado
editorial, onde pesquisas e mais pesquisas são realizadas na tentativa de
prever as tendências no mercado livreiro/literário/editorial.
No entanto, na contramão de tudo o que é
tido como certo à grande maioria dos empreendedores, Steve Jobs dizia: “O
consumidor não sabe o que quer, temos que surpreendê-lo!”
É! É isso mesmo! Um dos empreendedores
mais fantástico, ousado e inovador dos últimos tempos não dava à mínima para
essas pesquisas de mercado.
Enfim, concordando ou não com Jobs, o
fato é que a tendência do ser humano é se amedrontar diante do risco, do novo,
do inusitado, mas tudo nessa vida exige risco. E, se não fosse assim, talvez a
vida não tivesse muita graça!
Por isso, dando sequência ao meu último
artigo: A escrita subversiva e a discrepância entre a literatura e a
diversidade brasileira (se você ainda não leu, bastar clicar aqui), insisto que os autores(as)
brasileirxs deveriam arriscar-se mais em suas obras e apostarem naquilo que é
diferente, curioso, pelo menos, aos olhos de outros povos.
Temos uma cultura fértil aqui no Brasil,
lugares lindíssimos, assuntos que dariam histórias sensacionais de corrupção,
policial, etc, etc. Mas observamos que ainda há uma imensa quantidade de livros
nacionais cuja narrativa acontece em lugares como a América do Norte ou na
Europa.
Não que eu ache que o autor(a) tem de
ficar “preso” ao seu país de origem. Óbvio que não! Mas eu realmente acredito
que alguns autores estão perdendo uma boa oportunidade de retratar uma ficção
que seja mais “próxima” do leitor, na qual ele se “reconheça”, que se sinta de
fato parte da história. E, o melhor, onde o leitor passe a (re)conhecer o seu
próprio país e sua variada e maravilhosa carga cultural. Isso é importante para
formação de identidade de nosso povo, e a literatura nacional pode colaborar
com isso!
E você, leitor(a) brasileiro(a), o que
quer?
Tem se “arriscado” a conhecer o trabalho
literário de seus conterrâneos?
Gosta quando um livro é ambientado aqui
no Brasil ou pra você ‘tanto faz como tanto fez’?
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