Resenha – Tudo O Que Precisamos Saber, Mas Nunca Aprendemos, Sobre Mitologia

Tudo O Que Precisamos Saber, Mas Nunca Aprendemos, Sobre Mitologia, de Kenneth C.Davis, Editora: Difel (Grupo Editorial Record), 728 páginas, é tão fluido que sua camuflagem gigante não assusta, pelo contrário, ao final, queria mais. O autor explora a potencialidade inesgotável dos mitos com humor, classe e desenvoltura de contador de história, ouso dizer que dos mais lúdicos.

‘Tudo O Que Precisamos Saber, Mas Nunca Aprendemos, Sobre Mitologia - Um livro para aprendizes de mitologia, entusiastas do assunto ou qualquer pessoa que goste de uma boa narrativa. De onde viemos? Por que as estrelas brilham e as estações do ano mudam? O que é o mal? Desde o princípio dos tempos, a humanidade vem respondendo a essas perguntas com histórias criativas, que já foram utilizadas pela religião, ciência, filosofia e literatura popular. Neste volume, Davis introduz e explica os grandes mitos mundiais, bem como as obras de literatura que os tornaram famosos, abordando, entre outros, o mesopotâmico Gilgamesh, o primeiro herói da mitologia; Aquiles e a Guerra de Troia; Stonehenge e os druidas; Thor, o deus nórdico dos trovões; e A vida e as grandes dificuldades enfrentadas pelo homem que se tornou Buda. Sempre informal e instrutivo, o autor mostra por que as narrativas ancestrais sobre deuses e heróis continuam nos emocionando até hoje, em filmes, arte, linguagem e música. ’

Quando lemos sobre mitologia, abarcamos significados que perpassam a história do pensamento humano; notamos como encontramos na sociedade moderna e contemporânea mitos que refletem nossas raízes. A simbologia dos mitos abordada pelo autor, casa com a intertextualidade reproduzida, por exemplo, na produção cinematográfica contemporânea.

O interessante é que ele vai além, quando faz referência a plateia que lotou as salas de cinema no intuito de assistir à adaptação de Tolkien, comparando a uma experiência espiritual coletiva, mesmo que aquelas pessoas não sejam religiosas. Como essa experiência conectou aquele grupo as mesmas experiências vividas há três mil anos, quando as pessoas sentavam em volta da fogueira para ouvir contações de histórias.

Ele traz os grandes sucessos de Hollywood, relacionando-os aos mitos da Antiguidade. Adentra no nosso dia a dia, esmiúça nossos hábitos e compara.

“Para se ter uma ideia melhor do enorme impacto dos mitos, basta conferir o calendário. Que dia é hoje? Uma terça de março? Um sábado de junho? Os nomes desses dias e meses vêm das mitologias grega, romana e nórdica.”

A associação de ideias aos aspectos culturais juntamente com os mitos gera novas informações, trabalha a mensagem de uma cultura já conhecida; tudo isso com uma linguagem simples e cômica, estabelecendo uma relação dialógica afetiva com o leitor.

É um livro para o público juvenil por ter uma linguagem simples, pode servir de ferramenta para quem vai fazer o ENEM ou concurso público, por exemplo. É um livro para educadores e contadores de história; mas, principalmente, uma obra para curiosos, pessoas que não conseguem e não se admitem permanecer estagnados nas amarras de uma ‘caverna’.

Apesar das mais de setecentas páginas, eu li em dois dias, já era um assunto de meu conhecimento, mas que não traz o linguajar acadêmico. É um discurso acolhedor, gostoso e acessível. De tão bem estruturado, foi impossível não recordar de O mito das Cavernas. Por fim, leiam, vocês não vão se arrepender.