Onde habita o fantástico em AnaCrônicas?
Ele chegou a tempo e espera
ali, no local conhecido por poucos. Pretende levá-lo a um mundo jamais visitado
por outro ser igual a você. Nem as magias mais obscuras poderiam proporcionar tal
prazer ao texto. Do outro lado será somente você e as narrativas fantásticas de
Ana Cristina Rodrigues.
A introdução serve para
ilustrar o que seguiremos em discussão, a respeito da experiência individual do
leitor e o fantástico na obra AnaCrônicas.
O coelho, referência declara
a Lewis Carroll, é a personagem integrante do primeiro conto dessa reunião de
pequenas histórias mágicas, como a própria publicação traz de subtítulo. Seguem
outras 19 narrativas com uma peculiar representação do fantástico. Se tomarmos
como base a experiência fantástica transcendente do texto e pertencente ao seu
leitor, teríamos aqui a concretização desse pensamento.
A afirmação da magia ou a
explicação para ocorridos muitas vezes fica implícita e nos abre caminhos
possíveis. Há muito além do que estamos prontos a acreditar e são lançadas
possibilidades infinitas. O fantástico está presente no ato da leitura e na
experiência de perceber o mundo a seu modo.
Poderíamos citar um trecho
da obra de Todorov, Introdução à Literatura Fantástica, ao qual o próprio
destaca o pensamento do filósofo Vladimir Soloviov, que diz: “No verdadeiro
fantástico, fica sempre preservada a possibilidade exterior e formal de uma
explicação simples dos fenômenos, mas ao mesmo tempo esta explicação é
completamente privada de probabilidade interna”. E Todorov ainda completa: “Há
um fenômeno estranho que se pode explicar de duas maneiras, por meio de causas
de tipo natural e sobrenatural. A possibilidade de se hesitar entre os dois
criou o efeito fantástico.”
Esses dois pensamentos podem
ser notados em diversos contos de Ana Cristina Rodrigues. Intitulado “Viagem à
terra das ilusões perdidas”, talvez possa ser tomado como exemplo. Há aqui uma
personagem que entoa uma conversa, contudo a autora nos omite as possíveis
respostas e qualquer informação adicional. Ao leitor fica a possibilidade de
montar o diálogo e mesmo que o contexto das falas principais encaminhe a um
possível significado, ainda é preciso reconsiderar este diante da figura
falante. Uma ilusão, como o título propõe? A resposta só poderá ganhar forma
nas últimas linhas e estará à mercê.
A autora cria universos cuja
hesitação do leitor, uma das
principais características do fantástico, é experimentada com ousadia. Octávio
Aragão na introdução apresenta Rodrigues como uma “... desbravadora que não tem
medo de abrir caminhos...”.
Tão perceptível, também,
encontramos a figura feminina acentuada nos pequenos contos. Elas são feiticeiras
em busca de vingança, seres amaldiçoados e mãe. No conto “O mapa da Terra das
Fadas”, a autora recria uma experiência própria com a morte de um bichinho de
estimação e os sentimentos do filho. Interessante nesse conto e notar as
percepções da fantasia, o mundo real e o imaginário.
As raízes nacionais são
marcadas em “A Princesa de Toda a dor”, narrativa que contracena em um ambiente
próximo de histórias indígenas.
Enfim, AnaCrônicas deverá ser apreciados com agradável cautela, talvez com um chá e companhias malucas. Se depois do chá ainda tiver dúvidas a respeito do título da resenha, o melhor conselho seria: Troque logo suas amizades!
Por R.S.Merces
Fiquei com tanta vontade de ler esses 20 contos.
ResponderExcluirEu não sou muito de ler contos mas adoro histórias mágicas, e foi isso que mais me chamou atenção.
Quero muito ler!
Eu adoro esses contos que são de fantasias. Estou sempre lendo alguns.
ResponderExcluiracho maravilhoso esse contos , é bem misterioso e me encanta, gosto demais sempre de ler
ResponderExcluiramo contos, gostei dessa sugestao pretendo conhecer hehe
ResponderExcluirnão curti muito , não parece m uito ser o meu gênero de leitura
ResponderExcluir