Resenha - Cartas na rua, Charles Bukowski (+18)
"Tudo começou como um erro."
Os Correios nos últimos anos tornou-se
um segmento quase exclusivo para uso de grandes empresas, para o comércio
online e dos bancos com suas cobranças. Porcarias de contas que chegam aos
montes. Onde estão as cartas? Ou o hábito de compô-las, por corações
apaixonados ou sentimentos de mais pura saudade? Bom, raramente vê-se alguém remeter
uma correspondência e tão pouco se recebe. As comunicações giram em torno da
agilidade dos e-mails e bate-papo nas redes sociais. Esperar quinze dias para a
chegada e outros quinze para receber a resposta se pode interagir em questão de segundos.
Pois houve um tempo em que
era muito comum se enviar cartas e receber cobranças também. Porém não é esse o
assunto de hoje. E sim, sobre um homem que vive embriagado, adora fuder e ama as mulheres. Parece um homem comum e não seria estranho se não tivesse passado
anos trabalhando no Correios, uma relação um tanto quanto perturbada.
Chinaski é o personagem principal
do primeiro romance de Charles Bukowski. Com fortes referências autobiográficas,
“Cartas na rua” representa todos os anos que o autor trabalhou para o Correios
a fim de se sustentar.
Henry Chinaski acha que esta
cometendo um erro ao dar o primeiro passo para um possível emprego. Contudo em
pouco tempo vaga pelas ruas com um saco nos ombros entregando cartas. E como
tudo na vida tem suas dualidades, ele achou que poderia tirar proveito das
mulheres sozinhas em casa, e tirou, em transas rápidas que o tomavam o horário
do almoço. Continuava a embriagar-se com a esposa, a fudê-la durante a noite e
amanhecia de ressaca.
Como um sistema, o Correios também
tinha sua cadeia hierárquica e Chinaski não engolia o supervisor Jonstone, um
sádico que escolhia as piores rotas a quem não tinha empatia. Na sua primeira
experiência na empresa, o protagonista vive diversas situações escrita em
breves passagens. Tempos depois de pedir demissão, Chinaski ainda volta a
trabalhar como carteiro onde fica por doze anos.
Bukowski em seu senso de
humor faz crítica ao sistema que não dá direitos e só explora o trabalhador.
Uma passagem que poderíamos citar seria quando Chinaski encontra um dos
melhores carteiros chorando e impossibilitado de exercer sua função, depois de
comunicar ao supervisor nunca mais vê o amigo. A pouca abertura do sistema impossibilita ao
funcionário uma vida prazerosa com horas absurdas de trabalho.
Henry em suas aventuras
pervertidas vezes bate de frente às normas e ao Código de Ética. Faltava por
dias sem avisar, fingia estar doente para ficar em casa entre outras coisas que
se você é um trabalhador vai se assemelhar.
O romance não foge à marca
do autor e apresenta descrições com palavras chulas que aos olhos e mente mais
puritano pode parecer estranho. Narrado em primeira pessoa, a linguagem só tem
a acrescentar na criação da personagem dentro do enredo. Ah, vamos lá. Quem nunca
chamou o supervisor de filho da puta, sádicos entre nomes piores? (Nem que seja
pelas costas).
O autor entrega um romance
de leitura fluida. Os capítulos curtos e vezes hilários não torna o livro
enfadonho, possibilitando ao leitor ler ao bel prazer. Com edição nova pela
L&PM Pocket, 185 páginas e tradução de Pedro Gonzaga, o volume cumpre bem
seu formato de bolso e deveria passar dias e mais dias em apreciação.
4 Estrelas.
Por R.S.Merces
Ola, amei a resenha e ja entrou pra minha listinha hahahahhah
ResponderExcluirhttp://www.corujaleitora.com/
Bom dia Lilian,
ResponderExcluirEsse é mais um livro que fico conhecendo aqui no seu blog, achei interessante e a capa é bem criativa....boa dica...abraços.
devoradordeletras.blogspot.com.br
O Renam sempre nos apresenta belas pérolas!
ExcluirComo não li o livro, fica complicado avaliar a resenha em relação à crítica específica a essa obra, mas está muito bem escrita e bem desenvolvida. Dá pra se ter uma noção da atmosfera do livro e, pra quem já leu Bukowski, a gente reconhece de cara essa atmosfera ao mesmo tempo suja e crítica, marginal e universal. Bukowski é insuportavelmente humano. Às vezes, claro, também se repete, o que não curto muito, já que, pra mim, a literatura vai além de uma representação fiel da realidade, sempre repetitiva. Mas Bukowski, com suas sacadas e senso de humor cruel, é ótimo em vários outros aspectos. Quanto à resenha, ela é insuportavelmente bukowskiana. E aí que mora a ironia: assim como o velho safado, é o insuportável com sabor de quero mais.
ResponderExcluirMas pela própria resenha, dá uma vontade danada de ler o livro... ao menos foi o que senti! :D
ExcluirAh, mas isso com certeza. Já vou procurar o livro pra ler, haha
ExcluirMuito bom ler suas opiniões a respeito de minhas opiniões (risos). "Cartas na rua" é só o primeiro livro de Bukowski e mesmo ainda não tendo encontrado tanto da dita genialidade e citações famosas do autor é uma boa indicação literária.
ExcluirBukoski é gênio quando pincelado. No todo da obra, tem muita coisa que ainda não me desce. Mas reconheço a força do autor. Mulheres e O Amor é um cão dos diabos que já li dele e são livros bons, apesar de alguns detalhes...
ExcluirSou suspeita para comentar qualquer resenha do R.S Merces, já que sou fã incondicional das coisas que ele escreve. Porém, não poderia deixar passar essa em especial. Confesso que o autor não está na minha lista de favoritos, incomoda-me um pouco a linguagem chula e o realismo extremo. Respeito quem goste, sei que há muitos adeptos de sua escrita. Voltando a resenha, ao término da leitura confesso que me interessei em estudar e tentar compreender o mundo de Bukowski pois, a forma como foi caracterizado me soou, no mínimo, de forma intrigante, deixando com aquele "gostinho de quero mais."
ResponderExcluirA resenha foi muito bem escrita, de maneira simples e explicativa. Com certeza já é uma de minhas favoritas.
Sou suspeita em comentar resenhas do R.S Merces, já que sou sua fã incondicional de sua escrita. Confesso que o autor do livro não está na minha lista de favoritos, incomoda-me um pouco sua linguagem chula e realismo extremo, porém, relevo a quantidade imensa de seus admiradores e os respeito. Voltando a resenha, sua maneira simples e explicativa despertaram-me certa curiosidade em conhecer o universo de Bukowski e, quem sabe entender melhor sua maneira de escrever. A resenha nos deixa curiosos e com aquele "gostinho de quero mais" irresistível para uma nova leitura. Merces nos apresenta uma linguagem muito clara em sua resenha e, com certeza já foi para minha lista de favoritas.
ResponderExcluirFico muito feliz em ler suas palavras, Mirele. O universo de Bukowski é com certeza muito extenso, porém do pouco que já conheço e li sobre ele, em "Cartas na rua" fica claro suas narrativas com passagens de embriaguez, auto teor sexual entre outros temas.
ExcluirParece um livro bem fora do que costumo ler normalmente.
ResponderExcluirTalvez seja legal ler algo diferente as vezes. Quero conhecer a vida do Charles :)
Meninaa, esse Henry é um safado viu?! Mas não é que eu fiquei com vontade de saber as loucuras dele?!
ResponderExcluirnosasa não co nhecia esse livro, mas parece ser super diferente e prende a leitura quero muito ler ele logo logo
ResponderExcluiressa resenha fico otima, me deixou super intusiasmada com essa leitura
ResponderExcluirCurto demais esse livro. Tenho todos os livros dele publicados aqui no Brasil. Espero que a LPM traga mais obras dele.
ResponderExcluirabraço